domingo, 27 de fevereiro de 2011

Afago de domingo

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Vai parecer absurdo, mas eu estava pensando muito mesmo em você...
Ainda estou aqui em Anápolis e você? Já em Brasília?
Continuo estudando as patéticas coisas do ensino médio e vendo meu coração se desfazer a cada resultado do "quase". Não entendo como tão pouco é tão caro!
2 pontos hoje em dia, custam 30 posições abaixo do último candidato. 2 pontos, 2 burros X que eu marquei errado por estar embriagada de anestesias mentirosas me fazem ainda estar aqui e não lá. Lá, onde o descanso existe.
Ah, a vida tem me dado muito tapa na cara. E enquanto eu não relaxar e deixar de me comportar como um animalzinho adestrado, perfeccionista, mais e mais serei esbofeteada.
Mas de algum jeito, isso tem sido bom. É só agora que eu aprendo a entender sobre falhas e sobre ser humana. Sobre tolerância e flexibilidade. Acho que sempre fui muito rígida, coerente com meus "tão elevados princípios".
E pelo jeito, a melhor coisa na vida é não ter princípio, é não pensar, é não se importar com o todo. O egoísmo santifica. A incoerência salva. E é isso que tento fazer, ser egoísta e me dar prazer.
Ando comendo sucrilhos, assistindo desenhos animados e deixando meu cérebro mofar.
Quanto mais leguminosa me torno, mais inteira eu fico. O meu agora tenta ser um palavrão. Uma ordem qualquer de: dane-se o mundo cheio às tampas. Dane-se África, Nordeste, Oriente Médio, Efeito Estufa, Guerra Cambial, Heroísmo, Dinheiro, Deus, Não-Deus, Sentido pra vida...
O criticismo só tem me levado à revolta, à angústia. E isso tem me deixado tão doente!
Não ensine seus filhos a pensar. Não os estimule mais. Converta-os em ovelhinhas e pronto! A felicidade deles estará garantida e você nunca precisará encher as gavetas deles de remédios pra cabeça, pra alma.
Acho que nunca estive tão lúcida, como estou agora, sabe?
Entendendo isso tudo e ficando revoltada por eu ser revoltada, acho que consigo um pouco de paz. E a paz significa: não pensar, não gastar energia tentando conectar tudo, tentando encontrar sentido, harmonia nesse caos.
A infelicidade fica longe quando aceito, quando digo: tanto faz. E a ausência dessa amargura emocional faz tudo valer mais e a ter mais gosto.
Minhas nuvens densas passaram. Agora só me resta ter humildade de aceitar que NUNCA vou poder explorar o céu inteiro, por mais que a visibilidade seja ótima.
Espero mais notícias,
Seu email foi um carinho, fiquei muito feliz!

domingo, 8 de agosto de 2010

Agosto-desgosto

Era inverno, embora suas mãos suassem. E era noite, mas o clarão do quarto e da inquietude a cegavam. Sem descanso, lá vem o desejo e a ambição de ter.

Eu queria ter bom humor. A seriedade anda me sufocando e eu me sinto com 50 velhos longos anos de carreira, pra não falar: "de escravidão".

Sem palavras impecáveis ou qualquer tom de beleza. Acho que a feiúra se instaurou nos meus dedos por um bom tempo. Eu, com a atrocidade estética sepultada nos dedos, tenho que ressuscitar um paraíso literário que não existe em mim, que nunca existiu.

É, estou arrependida das minhas palavras e do meu coração. Não sei que mão é essa que escreve com tanta independência, que nem ao menos pergunta se eu aprovo suas palavras... Não sei que peito é esse, furado, que deixa o coração partir e se esconder por aí, debaixo de alguma pedra.

Oh, chuva que não cai e não molha meu sertão que é mais tão do que ser.

Vai... e esquece o gosto da gargalhada.


terça-feira, 18 de maio de 2010

Coelho das lágrimas

Eu não precisava estar bonita para seus olhos ou agradável aos seus ouvidos. Eu não precisava temer se eu o estava amando demais, ou se eu estava lhe sendo negligente. Para ele, eu nunca era excessiva, pedante ou ausente. Sim, ele foi o primeiro que amei sem receios.

Quando as ondas das mais amargas tristezas quebravam em meu coração nas madrugadas, eu podia acordá-lo, abraçá-lo e chorar sem medo. Sem constrangimentos. Eu podia ser pequena, falha, ser a menina insegura, incerta. Ele não se importava com minha imaturidade emocional.

Ele era como o cachorro do "Ensaio sobre a cegueira". Enxugava minhas lágrimas, enxugava minhas dores.

Aos seus ingênuos olhos, tudo era simples e se havia manjericão e água suficiente, por que se preocupar?

E o que fazer? Jogar no ar essa dor? Jogar no tempo essa flor de afeto que foi desfeita?

Ai, ai, dia de ausência, dia de neblina.

Mais uma parte da minha alma me deixou. Meu coelhinho me deixou. Sofridamente. Esquálido, doente e tão frágil e tão delicado. E o que eu vou fazer das madrugadas ásperas? O que vou fazer do meu corpo que implora pelo alento que ele me oferecia?

"Vamos, Rodayne. A vida dói, a vida massacra, mas vamos".

domingo, 9 de maio de 2010

Domingo feliz

Então, eu pego um ônibus: Formosa 4 ET.

Durmo-desmaio no meio do caminho. Não paro onde devia. Vou parar no umbigo do mundo.

Vontade de. Grito morrendo aos poucos. Barulho surdo de raiva que saltita como uma gazela no meio peito.

Ônibus Formosa 4 ET. Sim, ausente de quatro alienígenas.

Uma mulher com sua exuberância e glamour evidentes, segura, na mão direita, seu celular Samsung Diva.

Ela me conta (apesar de eu não ter perguntando) que custou "375 euro". Na mão esquerda, ela carrega uma sacola (pingando) que continha frango assado. O almoço do dia "das mãe"!

Minha vida?

Repleta da mais pura e pulsante poesia.

Sou eu, pessimista demais, para extrair a beleza dos simples acontecimentos, my ass!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

La valse des monstres

Perguntaram-me: e o monstro?

Agora, ele dorme num silêncio todo feito de azul e sol. Com pesados olhos fechados, ele sonha, deseja.

"É só esperar... Não tarda muito e ela mergulha novamente na teoria tão paralisante daquele mar dos que sofrem. E ela se desindividualiza... é só! E a rigideza de metais das minhas garras voltarão a fincar e escavar sua alma. E virá a inatividade definitiva dos sentimentos não mais usados. Meu massacre? Não demora".

Monstro, monstro. Tua valsa é quimera que geme, que dói. É cântico delicioso e veneno tão doce, tão lento. Conheço tua paciência áspera e vã. Sei como me afetas a atitude e a razão.

Mas o resto do mundo capota num sonolento e medroso caso com a velhice.

E eu, apesar de ainda te temer, não sou fragor de vomitar fins.

Vomito baleias feitas de solidão.

Então, o monstro esfrega os olhos, aperta seu embaraço e me chama para bailar.

Sim, meu monstro. Imprudente e vil como um histrião, mas valsa como ninguém...

segunda-feira, 29 de março de 2010

Tarde, muito tarde, quando...

Madrugada, empilhada sobre meu travesseiro
quando te domesticarei?
Por que sempre trazes lembranças
que já se partiram em cacos?
E essa nostalgia embalada em jazz?
Inquieta, num silêncio febril
te lanço dentro do violino!

Madrugada:
Vossa excelência sofre de fartura!

domingo, 21 de março de 2010

Evan Scott Perry alike

"no matter our own fears, 'scary souls' must be confronted, and in some profound way, embraced".


thanks for doing that,


and I promisse to get better