sábado, 10 de maio de 2008

When three becomes two

Acordo desesperada com aquela sensação de. Meu celular sumiu. "Gymnop dies" toca em algum lugar. São duas, três horas da manhã. O mundo inteiro dorme. Vem um silêncio tão tirano que chega a derreter partes de mim. Corro ao espelho e percebo que meus pensamentos escorrem pastosos das minhas orelhas. Desesperada tento guardá-los em algum lugar. Copo, caixinha, forma de gelo. Mas o tempo é mais rápido. E os pensamentos se vão, assim... daquele jeito abstrato e perturbador.

A cor? Todos eles eram de um púrpura profundo e fosco. Vinham quentes em meus dedos que tanto inutilmente tentavam estancar a "pensamentorragia". Satie invade mais ainda. E ainda há silêncio. Morbidez! Os pensamentos se vão, assim... daquele jeito rápido, indignante, manchando o azulejo frio do banheiro.

Jorra, corre, vai embora semi-cérebro patético. Todo no chão, roxo, morto. Miolos perdidos na ausência. O fatídico? Foi o além. Quando além da perda do dentro da cabeça, percebo que também se foi o que havia dentro do meu coração. Foi... foi... tudo. Espatifado. Todas as belas pequenas construções e peças afetivas quebradas. Num só golpe estrangulando o cuidado e o que era único...

Olhos úmidos. Mortos. Meus! Vão deixando o rosto caquético. Rosto imbecil que pede murro... como o de Macá. Olhos úmidos e tresloucados que pedem adeus, que gritam roucos. Loucos na escuridão da madrugada que não é minha. Loucos e seqüestradores da música que não é minha e ainda assim... finjo que me pertence...

Mas é claro que sempre há os poemas lindos. Apesar de tudo sempre vão haver os poemas que sempre serão especiais... Especiais ainda mais quando são feitos por nossos amigos. That's one from Al Phurraz, Wally's son... you know:

Águas de maio

Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
E eu gostava desse pedra

E a água veio e lavou a pedra
E lavou o caminho
E cavou o caminho

E foi parar no fundo da Terra
E esfriou a lava que virou pedra
E lavou a pedra

Renascimento! E algo para preencher agora o que está vasto de tão vazio...



6 comentários:

Lupe Leal disse...

dizem que toda destruição é uma forma de construção.
dizem,

talvez já não esteja tão vago.
ah, esse domingo.

Anônimo disse...

Q burro, eu
q mongol
q bobinho
q "eu sei alguma coisa" q não sabe nada...
q lindo participar desse blog
q humilhante não saber escrever
q analfabeto visceral cerebral q lê mas não escreve
q verde-feio perto do roxo-bonito...

Gostei
=)

Francisco Filho disse...

Rô,
Li ontem seu post, mas não tive palavras pra dizer. A mesma sensação de, sem saber quê, tão conhecida por tantos.
Tenho tentado não deixar um sonho morrer. Aquele de fazer intercâmbio, sabe. Aquele que venho pacientemente alimentando há muito tempo. E divulgando, e contando para todo vento, de todos os quatro cantos.
Coisas deram errado, e ele está na corda bamba agora, seguro por uma frágil linha de esperança.
Atenho-me à crença de que se não der certo, não era vontade d'Ele, e de que há mais para mim. Um mais que minha imaginação nem consegue acompanhar. Um além que há pouco tempo falei neste blog.

Torço pra que dê certo, pois o sentimento de frustração dói invisível. Mas ainda assim levanto-me, e olho pra frente. Se morrer, haverão de nascer outros.

Sendo fortalecido por Ele, sempre. E caminhando, com pedras ou sem pedras.

Lindo post. E triste. =(

Abraços saudoosos demais.

Miss Lou Monde disse...

Verde lindo perto do roxo pedante! ^^

Miss Lou Monde disse...

Franchos, não! O sonho não vai morrer! Você vai ao México sim! Vai comer tortilla, vai hablar mucho, vai me trazer uma bonequinha mexicana de presente :P
Vai tirar mil fotos bonitinhas e vai escrever as coisas mais lindas no blog!!!!

E eu vou ler aqui... morrendo de orgulho

Francisco Filho disse...

Quem dera tudo fosse tão simples...
Quem dera isso acontecesse mesmo...