quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Amigo,

Apesar do cansaço sinto-me pleno. É como sentir a chuva sobre a pele depois de muito tempo de sequidão. As gotas percorrendo cada espaço do corpo, escorrendo, trazendo um novo frescor, limpando os olhos, os erros, renovando.

Como definir em palavras este sentimento? Não sei.

Olho esta página em branco e só vejo cores. Cores de um ontem inesquecível. Aquarelas de renascimento. Matizes de plenitude. Serpentinas roxas, amarelas, vermelhas saindo da minha boca. Quem entende as surpresas do porvir? E do agora?

Ontem cumpri três meses. Três meses que mais parecem dez. Dias de detalhes, de nostalgia e mudanças. De decisões nítidas e emoções tão grandes que chegam a derramar do meu peito. Quando vejo o que transborda não posso deixar de sorrir... É brilho refletido em mim, é beleza refletida em tudo. Em tudo, amigo! Mesmo nas noites frias e sem alento.

Talvez não saiba descrevê-lo. Agarra-me pelos dedos e dessa vez não escorrego. Vem, e tira o fôlego, sacode, faz-me rir do fusca amarelo, faz-me sonhar ainda mais! E isso quê? Sim! Vou rir com meus dentes amarelos do fusca amarelo, vou viver a minha vida como homem errante que sou. Não deixarei de percorrer caminhos porque não parecem floridos. Não estão floridos agora, mas a primavera há de chegar. Há de chegar e trazer consigo a brisa suave do acerto, as folhas púrpuras da árvore em cuja sombra hei de descansar.

Escute. Abra bem os ouvidos. Agora sou eu quem aconselha. Faça suas escolhas e os esqueça. Os olhares tortos, os dedos que só sabem apontar. Responda-os com passos firmes, com palavras verdadeiras e se preciso for, afogue os gritos no travesseiro. Não tenha medo.

As cartas que possuo não passam de meras cartas. A bola de cristal já está rompida. Não tenho respostas para mim, para ninguém. Mas sinto voltar a força que nos faltava! A força que perdeu-se junto aos sinos que anunciavam o passar do tempo. Podemos alcançar o oceano e toda sua infinitude, ainda que nos rebata uma onda, e outra, e outra, e outra...

Podemos, amigo. Podemos mudar o mundo. Podemos viver os sonhos.

4 comentários:

Lupe Leal disse...

não tinha lido esse!
como pode toda essa loucura atravessando o equador?

viva bem.
viverei, como disse.

abraços.

Miss Lou Monde disse...

Mande um pouco dessas cores pra mim também, Toulon. Dentro de uma garrafa. Dessas que armazenam um pouquinho de toda essa alucinação magnífica que está vivendo.

^^

Miss Lou Monde disse...

Rompi todas as distâncias hoje. E vivo todo o sonho possível! Mãos dadas e toda segurança entre elas. Todo o encanto aqui também...

nai ara disse...

saudades, saudades, saudades! sinto tua falta pelo quarto e vim aqui ver a quantas anda essa aventura tão colorida. e nem preciso ir lá pra enxergar as cores pois nessas palavrinhas eu enxergo muito mais coloridas. três meses... como passa rápido. ontem mesmo eras aquele que escrevia ansioso pelo dia. escrever é talento de poucos: a tua transparência é um deleite pra quem acompanha as tuas fases. as cores são bem-vindas. teus conselhos muito mais. beijos~!