sábado, 15 de novembro de 2008

Ainda na rua Namakajiri

A noite está úmida, molhada com seus pensamentos. Em algum lugar do fim do mundo, guardei o infinito dentro de uma concha do mar. O jazz sobe nos copos e livros sobre a mesa. Escorre em notas roxas e azuis no chão e vai borrando tudo que em mim era cinza e insossso.

Agora, não importa, não importa se já é tarde, se os pássaros choram lá em cima, se o próprio dia tem ojeriza de nascer de novo e de novo. Agora, até o mais pálido ódio daquela impotência e vontade absurda de retribuir o indiscutível se pintou. Imperecível é aquela tarde que morreu em garfadas sulfúricas de sorriso.

Os minutos esvaziarão aquelas caixas de saudade e amanhã, o dia será macio como nunca foi. E virão todos os argumentos, todas impossibilidades, todo o ferro fundido e não liquefeito. Virão as regras, os espartilhos, a dificuldade. A minha falta, a sua falta. Talvez, o meu exagero também acompanhe os pratos esvaziados de tristeza. Talvez, o talvez deixe de me alucinar... As velas dos meus barcos serão erguidas novamente, e só assim... só assim, podrei fazer aquilo que sempre quis: me perder no mais cheio de liberdade futuro azul.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Amigo,

Apesar do cansaço sinto-me pleno. É como sentir a chuva sobre a pele depois de muito tempo de sequidão. As gotas percorrendo cada espaço do corpo, escorrendo, trazendo um novo frescor, limpando os olhos, os erros, renovando.

Como definir em palavras este sentimento? Não sei.

Olho esta página em branco e só vejo cores. Cores de um ontem inesquecível. Aquarelas de renascimento. Matizes de plenitude. Serpentinas roxas, amarelas, vermelhas saindo da minha boca. Quem entende as surpresas do porvir? E do agora?

Ontem cumpri três meses. Três meses que mais parecem dez. Dias de detalhes, de nostalgia e mudanças. De decisões nítidas e emoções tão grandes que chegam a derramar do meu peito. Quando vejo o que transborda não posso deixar de sorrir... É brilho refletido em mim, é beleza refletida em tudo. Em tudo, amigo! Mesmo nas noites frias e sem alento.

Talvez não saiba descrevê-lo. Agarra-me pelos dedos e dessa vez não escorrego. Vem, e tira o fôlego, sacode, faz-me rir do fusca amarelo, faz-me sonhar ainda mais! E isso quê? Sim! Vou rir com meus dentes amarelos do fusca amarelo, vou viver a minha vida como homem errante que sou. Não deixarei de percorrer caminhos porque não parecem floridos. Não estão floridos agora, mas a primavera há de chegar. Há de chegar e trazer consigo a brisa suave do acerto, as folhas púrpuras da árvore em cuja sombra hei de descansar.

Escute. Abra bem os ouvidos. Agora sou eu quem aconselha. Faça suas escolhas e os esqueça. Os olhares tortos, os dedos que só sabem apontar. Responda-os com passos firmes, com palavras verdadeiras e se preciso for, afogue os gritos no travesseiro. Não tenha medo.

As cartas que possuo não passam de meras cartas. A bola de cristal já está rompida. Não tenho respostas para mim, para ninguém. Mas sinto voltar a força que nos faltava! A força que perdeu-se junto aos sinos que anunciavam o passar do tempo. Podemos alcançar o oceano e toda sua infinitude, ainda que nos rebata uma onda, e outra, e outra, e outra...

Podemos, amigo. Podemos mudar o mundo. Podemos viver os sonhos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

In a hole

Another hard day. Tears and smiles and voices I was dying to hear.
Finding out what the word homesickness means.
Looking for the meanings of another words.
Looking at the one who stares at me in the mirror and guessing who is he.
Who am I?
A dreamer.
A lover.
A refugee. But not a coward.
I face the fears I thought I wouldn't have.
I face them alone, as it has to be.
Cry my heart out is giving me strengh. Is making me go forward.
I don't want to miss any experience Mexico can give me. It was a choice I will never regret.
That's why even lost, I'm finding my own way.

"I just got lost
Every river that I tried to cross
Every door I ever tried was locked."

But now I can see a light, and I won't, I won't let it go.

domingo, 2 de novembro de 2008

Aba!

Um buraco no peito me sufoca. A angústia da distância daqueles doces, amáveis, confortantes olhos, agora congelados na foto de meu computador, reduzem-me a meros pedaços.
Aquela dor agonizante regressa.
Pensar dói pois traz recuerdos que a todo momento tento inutilmente afastar.
Chorar doí pois não sinto minhas as lágrimas.
Olhá-la, apesar da vontade amarga do toque, do abraço ou simplesmente do sentir o cheiro inesquecível de seu cabelo, desperta-me um pesar tão grande que também tento, inutilmente, evitar sua mirada.
Neste momento tudo parece ser apenas dor, dor, dor.
Anelo a volta, as mãos, o beijo. Desejo-os agora, mas há uma distancia grande, tão grande.
A poucos passos vejo a luz. Mas nao há luz que substitua sua luz.
Oh me Deus, ajuda-me a confiar. Quando os sonhos se frustam ou parecem não se realizar. Quando as forças se acabam. Quando as lutas querem me esmagar, oh meu Deus, ajuda-me a avançar.

Deseo yo volver, necesito estar ahí
Siento la nostalgia del lugar donde nací
Volveré consciente de donde estaré
Tú eres mi lugar
Volveré, por siempre yo ahí estaré
Y ahí me quedaré
Vólveré, nada me detendrá.


Tenho saudade da minha mãe.
Tenho saudade de tudo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

oi, noite!

esse calor? esse calor que prega no corpo, pescoço melado de ar. sol pedindo socorro à sua própria temperatura. sem letra maiúscula, sem obrigações... noite indiferente do dia... todas as horas são promessas, são o futuro, são o passado. tudo em alegria (tão rara) palpitante. os dias, temidos dias estão chegando... chegando, vem pressa, vem medo, vem vontade, vem tudo. já não desespero, porque ele foi embora de vez (nem tanto, talvez, mas quero acreditar que sim). penso entendier agora. por isso, deixo o calor empapar meus suspiros. suspiros que viram água na geladeira, noite passada com amigos feitos de papel. oi!

***

ah, e você... que tão bem me entendeu no meu último post... ehm... foi reconfortante (inteiramente reconfortante) ler seu comentário.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Guardado

Já não lhe importa se chove ou faz calor

Perde-se na multidão de sorrisos

Abatido pela incerteza do não saber

Os pensamentos são incontroláveis

As atitudes não correspondem à angústia

É contraditório e fraco, demasiado fraco

Os suspiros já lhe cansam

Saem cansados, enxarcados de uma aparente derrota

Imagina tanto que as forças esvaem-se

Apesar da real vontade de lutar

Perdido em seu mundo de fantasia

Acorrentado à realidade futura

Apavorante, enfadosa, inverossímel, mentirosa

Falta-lhe coragem e muitos degraus a subir

Dentro e fora de si

Encontra-se cansado

Sensível às mínimas imagens ou estímulos

Capazes de desfazê-lo, derrubá-lo

Devorá-lo? Sim, capazes de tudo

Entre alegrias explícitas e temores ocultos divide seu ser

Pobre ser

Que ainda não desistiu

Resiste

Inconsciente da verdadeira fonte que lhe sustenta

Prefere fluir com a música

Viajar em seus filmes

E (con)viver com as incertezas

É melhor ser assim

Ainda é melhor acreditar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Plática Corta

Aos que entram no blog esperando notícias ou mínimo algo interessante, desculpem a ausência. Como havia dito uma vez, os dias passam tao rápido que quando vejo já é noite e o cansaco ou mesmo a vontade de escrever sofisticadamente nao me permitem fazê-lo. Igual tem passado com o diário pessoal que estou mantendo a parte do blog: há dias nao escrevo aí também (e nao se preocupe Luiz, tratarei de tirar o atraso ya).
Além disso me desestimula a própria língua portuguesa... Nao quero parecer pretencioso, mas sinto que já nao me sai tao bem como antes, e juro que confundo palavras e conjugacoes. É normal, afinal de contas. Escutar e falar em uma outra língua o dia inteiro é surreal, e maravilhoso! Nao pensava que ia gostar tanto deste contato tao intenso com o Espanhol.
Devo dizer que sigo muito feliz. É tanto o que me alegra que nao há lugar para (muita) saudade.
Amo estar aqui. Amo os bons amigos que tenho, fazer teatro - que sempre foi minha paixao, a escola, os passeios, a comida, minhas host sisters e host parents, as aulas de inglês, sair com os intercambistas, o cinema, ler Crepúsculo, as perspectivas do que está por vir etc, etc, etc.
Dias de questionamentos, preocupacoes e principalmente dúvidas existem, claro. Mas tento nao fazê-los frequentes. Carpe Diem, hoje e sempre!
Bueno, prometo um post razoável, es decir, com poesia, como gosto de fazer.
Inspiracao nao me falta. Mas tempo (o implacável tempo) sim.
Así que los veo muy pronto! Y viva México!