Era aula de Introdução à Ciência Política. Por volta das 9h30, eles chegam - os veteranos - soprando um trombone de plástico, gritando, batendo na porta, sedentos por revidar o trote que levaram no outro semestre. TROTE! TROTE! CALOURO BURRO VAI MORRER! - pregam na janelinha da porta. O professor pede que esperem. Tenta terminar a aula, dá sorrisos amarelos, mas quase ninguém ainda presta atenção. Entram. Os calouros ficam apreensivos, mas vê-se olhares contentes . Mandam todos sentarem-se, começam a distribuir os apetrechos - diademas rosas, roxos, com florzinha, com orelinhas de minney, asinha, borboletinhas... Uma plaquinha com o símbolo de Administração é dada para cada um. Escrevem "Chico" na minha. Passam batom em todos, fazem monosselhas nas meninas, pintas nos homens. Mandam sair. Duas filas são formadas, meninos e meninas. Veteranos e veteranas (sim, elas não ficam de fora), dão as ordens. Andar de elefantinho, cantando "Economia, bando de otário, não serve nem pra estagiário!", "Economia, preste atenção, a Adm. é o seu patrão!" ou "Eu sou calouro, eu sou mané, dos veterano eu beijo o pé", e suas variações... Jogam água, pedem que cantem mais alto. Quando viam que nossas costas doíam, davam uma pequena trégua - "Boneco de olinda! Quero ver o boneco de olinda! Na-na-na-na-na-na-nãã, na-na-na-na-na-na-nãã...!". Da Ala Sul à Norte e da Norte ao centro andamos, cantando, abaixando mais, fazendo elefantinho de ré, rindo muito de tudo aquilo. Todos olham, apontam, riem. Vejo meu irmão, João Marcos. DAYANA!! - grito quando a vejo. Terminado o tour pelo minhocão, levam-nos à uma arena. Posicionamo-nos e recebemos novas instruções: Ir à frente, apresentar-se, responder às perguntas e dar um gole de cachaça (caso beba), ou virar um copo de leite (caso não beba). Todos vão, descontraídos, sorridentes. Na minha vez digo que escolhi Adm. pelo programa "O Aprendiz" e porque quero ficar rico (brados), que serei o próximo Roberto Justus, que os goianos dominarão o mundo (manifestação de 2 goianos!), que sou solteiro e finalizo bebendo a cachaça ruiiiim demais. Terminada a apresentação, é hora do leilão de veteranos(as). A compra lhe dará direito a ir ao futuro churrasco e aos livros e xérox que os "comprados" quiserem dar ou vender mais barato. Eu é que dou sorte, e arremato Gabi Maranhão por 60 reais. Espanto?? Não leram que dei sorte? Houve veteranas que saíram por 135 reais! 135!! E ela ainda tem a maioria dos livros - foi um ótimo negócio! =)
Já queimados pelo sol, esperamos o fim do leilão, que continuava a todo vapor: "Ouvi 80? 85? Alguém dá mais? 90! 95! 100?!! Dou-lhe uma, dou-lhe duas... Vendida!!"
Por fim, recebemos chocolates, balinhas e uma abobrinha. Carregá-la na mão e usar o diadema e a plaquinha-crachá por uma semana, são as ordens finais.
Assim sucedeu meu pré-trote (ou já seria o trote?) - ninguém sabe ao certo. Gostei muito... Diverti-me, aprendi como farei no 2º semestre, conheci mais a turma. Depois, já de rosto limpo, mas com os apetrechos ainda no corpo (afinal ninguém ousaria correr o risco de ser visto sem no mesmo dia) fomos almoçar, eu e alguns amigos. Era aula de Introdução à Economia. Por volta das 14h, ele chega – o professor – e começa a aula.
sábado, 15 de março de 2008
O trote. Ou pré-trote?
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Um comentário:
Já ta virando um Hábito vim aqui ler
o que vcs escrevem, bom demais!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
abraçoo pra vcs,ateeee!
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