"Eu, eu não sou uma promessa!" Meu coração suspira em multicor monólogo. Azul, roxo, lilás, rosa... até desbotar. E desbota! Vai monólogo se desfaça em negro, em ausência de luminescência. Vai embora nessa falta da cor. Vai monólogo, vai embora. Quero o silêncio e a paz de um descanso de mim mesma. Vou embora, monólogo, vou embora, coração.
Mas saibam, recuperei meu suspiro. Devolveram o que me preenchia e agora posso voltar! Foi uma música que veio e me trouxe o que me tinham roubado. Joguei fora a dipirona sódica, as minhas noites febris, a boca paralisada, o dia das aventuras rotas, dos livros exaustos, dos sapatos de algodão furados. As imagens vão povoando os quatro cantos da lembrança e se acabando em um desvanecer completo. Talvez, possam entender... possam me entender.
Estou me desfazendo do monólogo. Daquela vozinha rouca dentro. Aquela perversa que não te permite sentir o presente, os momentos, as lânguidas horas da madrugada dissolvidas em mel e vinho. Nesse estado de pura ebriedade estou dando adeus ao que apertava meu coração. Adeus ao arame farpado do lamentar o passado e do temer o futuro. Adeus ao fantasma de mim, à falta da solidez e da entrega à desolação.
A valsa está tocando divinamente, agora! As notas musicais coloridas vão te acompanhar até o México, alguns de seus acordes me trarão segurança lá em Goiânia. Escutem! Não é a mera música da vitrola roxa. É o lamento não mais lúgubre do monólogo que de uma vez por todas deixou de afogar aquele violino dentro de mim.