sexta-feira, 25 de julho de 2008

Au revoir muette!

Os dias vieram como bombas uma atrás da outra, o sono ficou para depois... Numa cadência desenfreada, noite, dia, chuva que não vem. Eu, nariz, dor, mãe, avó, dia, noite, chuva que não vem. Ah, mas foi há tanto tempo, parece. E isso, julho, é só o começo do caminho, do que é torto e continua a se fazer em curvas, destroçando o retilínio do destino patético do prometido.

"Eu, eu não sou uma promessa!" Meu coração suspira em multicor monólogo. Azul, roxo, lilás, rosa... até desbotar. E desbota! Vai monólogo se desfaça em negro, em ausência de luminescência. Vai embora nessa falta da cor. Vai monólogo, vai embora. Quero o silêncio e a paz de um descanso de mim mesma. Vou embora, monólogo, vou embora, coração.

Mas saibam, recuperei meu suspiro. Devolveram o que me preenchia e agora posso voltar! Foi uma música que veio e me trouxe o que me tinham roubado. Joguei fora a dipirona sódica, as minhas noites febris, a boca paralisada, o dia das aventuras rotas, dos livros exaustos, dos sapatos de algodão furados. As imagens vão povoando os quatro cantos da lembrança e se acabando em um desvanecer completo. Talvez, possam entender... possam me entender.

Estou me desfazendo do monólogo. Daquela vozinha rouca dentro. Aquela perversa que não te permite sentir o presente, os momentos, as lânguidas horas da madrugada dissolvidas em mel e vinho. Nesse estado de pura ebriedade estou dando adeus ao que apertava meu coração. Adeus ao arame farpado do lamentar o passado e do temer o futuro. Adeus ao fantasma de mim, à falta da solidez e da entrega à desolação.

A valsa está tocando divinamente, agora! As notas musicais coloridas vão te acompanhar até o México, alguns de seus acordes me trarão segurança lá em Goiânia. Escutem! Não é a mera música da vitrola roxa. É o lamento não mais lúgubre do monólogo que de uma vez por todas deixou de afogar aquele violino dentro de mim.

7 comentários:

Francisco Filho disse...

Rodayne,
esse foi o texto mais lindo que você já escreveu até hoje. E não só belo, sincero, profundo, verdadeiro. Entendi o vento agora soprando diferente, avistei libertação, senti força!

"Nesse estado de pura ebriedade estou dando adeus ao que apertava meu coração. Adeus ao arame farpado do lamentar o passado e do temer o futuro. Adeus ao fantasma de mim, à falta da solidez e da entrega à desolação."

Como felicitei-me ao ler essas palavras! Ao saber que não é mais oquidão, que os suspiros se renovaram graças a esses dias.

Vou feliz. Muito feliz.

Não somos promessas. Estamos aqui, somos realidade concreta.

Au revoir monologue! Au revoir passé!

Lupe Leal disse...

posso ouvir os coros de aleluia!

sabe, eu estava procurando essas palavras pra dizero que eu sinto. me perdoe se soar plágio da próxima vez que nos vermos no blogverso.

abraços,

Miss Lou Monde disse...

Franchos,
eu estou em Goiânia já...
Estou feliz por você ter gostado desse post, espero não perder o que consegui com ele! ^^
Minha freqüência aqui vai diminuir muito mesmo, já que a minha amiga do pc foi embora o.o'
Estou contando contigo mais uma vez, sei que nem precisava falar isso... já que sempre cuida tão bem do nosso Filia, mas é só para mostrar que minha ausência aqui é por motivos externos, né?
huhuhuhuh
Eu, palavras, palavras!
Me deseja sorte, tá?
E perfeita viagem pra você, esperarei notícias!

* Depois te conto como foi meu mês de julho e o porquê do nosso desencontro!

Grandes abraços,

Lupe Leal disse...

recebo seus elogios e promessas e guardo-os na lembrança, então.

bom vc ter lembrado daquele dia, não sei pq não parei pra conversar e rolar no chão.
(estranho)

perdão.

até a vista,
também vou voltar para minha rotina... rotineira.

grande abraço.
=*

Thais Correia disse...

ah, gente! desse jeito vou ter que pedir outra cerveja!
adorei seu texto, as notas, cores, vó e tudo mais. o adeus é só um pedaço.

Lápis de Cor disse...

Oi.
Fiquei contente com a resposta.
Será bem vinda sempre.
Um abraço,

Mariana.

Sofia Fada disse...

Oi querida, ando tão sem tempo... mas hoje tive uma brechinha e vim aqui. Mais uma vez me deparei com lidas palavras. Muito lindo isso: "do que é torto e continua a se fazer em curvas, destroçando o retilínio do destino patético do prometido."

Continue escrevendo sempre...

beijos,
Sofia Fada