terça-feira, 21 de abril de 2009

eu queria dizer sobre como me sinto, ou como meus dias estão, ou algo que valha ser lido. mas escrever seria admitir verdades pesadas demais. admitir pra mim e além de tudo, compartilhá-las com pessoas que ainda vivem.

por isso, calo-me por enquanto. estou esperando essas ondas pararem de se quebrar em meu coração.

mas... eu ainda caminho olhando para o asfalto... uma flor vai aparecer. tem que aparecer.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Montanha-russa

A hora do adeus vem chegando derradeira, como a primavera. Nessas horas, o coração se aperta e fica pequenininho. Os olhos miram o nada, mesmo sem a presença de uma paixão arrebatadora. É estranho. Os pensamentos brincam de amarelinha, indo e vindo, incessantes. Os minutos tornam-se mais longos e mais curtos (geralmente mais curtos) e sua cabeça – relutante em quedar-se aí – começa a tirar centenas e centenas de fotos. Os livros e o som e os balões sobre a estante do quarto, a bandeira no alto da montanha, as montanhas agora secas, sorrisos, olhos, sala de aula... Como se acabasse de chegar, neste exato instante, ver pela janela do carro é algo novo. O que já era velho de repente apaga-se do seu cérebro.

Pequenos fatos passam em câmera lenta e dá medo voltar ou passar para frente a sua história. Aí, no meio da escada, continuar subindo é difícil e penoso. É que quando se olha para baixo, a vontade de viver de novo é tão... inevitável! E devo suspeitar, impossível, amigos.

Você se encolhe e recolhe lembranças como conchas na praia. São tantas! Depois de tê-las o que fazer com elas? Já sei! Colocar-rápido-na-"caixinha-estúpida-peito"-fechar-com-sete-chaves-e... Tentar respirar?

É... Eu só sei que nada sei e não saber me mantém flutuando no ar, sem gravidade, sem pés no chão. Também dá medo, claro, mas... é bom.

Nas ondas da praia
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.

Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d'alva
Rainha do mar.

Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.

(Cantiga - Manuel Bandeira)