sábado, 26 de janeiro de 2008

Sobre a possível importação de recursos naturais importantes e imprescindíveis como: a pedra na antigüidade

Não sei que cor é este post. O computador aqui transmite a cosmovisão de um daltônico. Novamente estou com poucos minutos... e ainda assim, são minutos que me parecem dias. Escrever no Filia faz uma falta... sentir a presença de vocês, meus amigos, faz falta... muita mesmo.
Aqui, em Goiânia, tudo é bastante diferente. Acho que fui, como sempre, subjetiva demais no último post. Hoje, me limito ao simples relato. Seco, ácido. Permito-me não me esforçar a transferir a vocês meus suspiros através das palavras (eu, pretensiosa, bleh). Agora estou sentida, saudosa e o tempo me é mesquinho - ele se faz de escasso e de caro (aqui, a Lan mais barata do mundo! R$ 2,00/hora).
Mas bem, sobre minha nova vida aqui... tenho que admitir que tudo está me saindo mais encantador do que eu possivelmente poderia imaginar ou desejar. O WR está me saindo um lugar, (sim, espero não me arrepeder do que vou falar), mas está me saindo um lugar extremamente amável e adorável.
Os professores são tão atenciosos, profundos, brilhantes, cativantes. Ensinam com um prazer indescritível. Ensinam! E mais! Ensinam a pensar! Não é o puro adestramento de exercícios/teoria. É mais, é incrível! Eu tive uma aula de 50 minutos inteiros sobre a panstermia. 50 minutos inteiros sobre especulações, sobre fatos aterrorizadores e esquisitos! Na bioquímica, aprendi coisas sobre a água que mudaram para sempre todo o meu ritual de engolir moles e moles de moléculas polares....
Não, não estou exagerando! E não, não há pressão babaca que é propagada por aí pelos boatos imbecis. Todos professores injetam em nossas veias uma motivação e uma esperança tão gigantes e efetivos que chego a inflar! Balão de hélio no céu. Mas é claro... o Rubão não é uma florzinha e xinga mesmo! "Bestão", "Vocês são a bosta da bosta"... entre outras.
Ah, mas é claro, há sempre as coisas esquisitas. Tenho um professor que é o gêmeo idêntico do Sir Ednald do Galileu! Ele é de história e se chama Lwyzx. Ensinou-me que na Mesopotâmia não existe pedra, o que explicaria o insucesso das barragens dessa civilização em comparação com a egípcia que usava pedras e não palmeiras sujeitas ao apodrecimento... e blá!
Poderia ficar aqui falando horas e horas... mas não tenho dinheiros e logo vai chover, e logo eu vou perder minha sandália novamente na enchurrada, e logo eu vou correr atrás dela igual a uma pongó, vou cair no meio fio, pegar pneumonia e drama, drama. Mas, nossa, cada professor maravilhoso!!!!!! Eu tenho um de Botânica que se chama Gallo e é o melhor do mundo!!!!!!! E um de matemática que parece o senhor Madruga e me ensinou coisas magníficas sobre o sistema binário e a linguagem dos computadores! E há mais, sempre mais...
Há música, cachorro-quente, boné dos Rangers, caneta de borboletinha e uma tranqüilidade tão gigante que chego a ficar serena, que chego a sentir o real gosto de ser, de continuar, de ser mais observadora, mais tolerante, mais humana, mais madura. A vida está se esfacelando nas minhas papilas gustativas... ela definitivamente tem gosto, eu que, anteriormente, estava doente e velha.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Segue cantando em paz...

É aqui, sozinho, que os pensamentos de outrora voltam a insistir. Fantasmas à mercê das horas, vorazes por memórias apagadas. A espera do futuro, porém, afasta-os. Renova-me. Preenche-me. E tento desnudar o tempo na espera do incerto. O tempo, amigo traidor, que em cima do muro, ajuda e aflige. Lembro do que foi e nunca mais voltará. Dos amigos que meus olhos ja não vêem, dos momentos que não saem de mim. Questiono-me se vivi o carpe diem, se quero, se não quero. E viajo... Com as notas belas e suaves da imaginação... O que vejo? A vida em uma breve primavera. E o desejo de dela beber. De não deixar nada no lugar, de enganar os erros, de mergulhar num copo de loucura.

Imerso na quase melancólica busca de ser feliz, escolho virar areia e descer na ampulheta... A mesma que conta os segundos do presente que já virou passado. A mesma que, inofensiva, ainda machuca.
Queria eu saber.
Queria eu ter o poder.
De fazer. De gritar.
De mudar.
De ser.

Sobre a esquizofrenia floral

Tenho míseros minutos. A vida em Goiânia, a chuva, a menina de Mato Grosso com sotaque gaúcho, meu quarto - um ovo cúbico (que me parece gigantesco às vezes), o boné dos Rangers na minha cabeça, a palavra "BESTÃO" nos meus ouvidos ecoando... ecoando... Um teclado estranho aos meus dedos e insetos me sugando o sangue e energia vital, os cachorros cantando pra mim na madrugada e a mulher que arruma meu quarto (cada vez colocando meus sapatos em um lugar diferente e bizarro - hoje, estavam na prateleira de apostilas), tremo...
Essa estou eu. "Estou", pois espero que tudo seja temporário. A nostalgia anda me socando o rosto. Tonta sigo a esquina, a estrada... as pessoas se mexendo juntamente com o chão que roda, gira, entorpece. Estou ébria? Sou zumbi. Faz frio, está cinza. Eu, possivelmente, estou desbotando e me tornando mais. Menos. Com. Sem. Posso me sentir crescendo para dentro... (não no sentindo bom).
Acho que não existem mais sentidos bons. Só existe a instrospecção adquirida. Só há um medo que se mascara atrás da voz fininha que sai da minha boca automaticamente. Voz que está me saindo excessivamente infantil. Tenho 7 anos novamente.
Minha cabeça está sendo povoada por sentimentos cheios de florzinhas lilases e azuis. Estou em estado esquizofrênico. Nox voltou juntamente com os vetores. Sei o que se está passando no Quênia. Sei sobre a saudade macia e brilhante. Sei.
Sei o quanto estou pequena... e o tanto que tenho que caminhar ainda. Acho que finalmente tenho consciência de mim, apesar do estado psíquico afetado pelas pétalas coloridas...
Gostaria de tempo e de ter a capacidade de mandar tudo parar. Mas não há. Não há. Estou sem. Acho que há adubo demais aqui dentro de mim... Será que flores podem se tornar ervas daninhas?
Espero.
Embaixo da chuva sem fim e do meu guarda-chuva, que como as flores, também é lilás.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Pós-Floripa


Depois de viajar para Santa Catarina vendo pela primeira vez matas de araucárias, de surpreender-me infinitas vezes com a singela beleza do mar, de ver águas-vivas de verdade mortas na areia, de aprender a falar "bici, bordeaux, o pai, a mãe e mano" com gaúchos legítimos, de comer um churrasco especialmente preparado por eles, de confundir inevitavelmente o Arthur com o Augusto (e vice-versa), de tomar muito sol e ficar ardendo, de surfar sem pracha, de ouvir Jack Johnson feat brisa marinha, de comprar de uma argentina um broche dos EUA e outro da Inglaterra em plena Florianópolis, de jogar frescobol, de ler e me maravilhar com The Kite Runner, de aprender mais de 85 palavras antes da metade do livro, de receber a notícia de que passei na UnB por uma mensagem de celular, de conhecer lugares lindos e ver pessoas igualmente bonitas, de pular junto com a multidão em shows de Ivete Sangalo, O Rappa e Charlie Brown Jr., de cantar "I'm waiting for the rain..." com o Skazi, de descer com a correnteza do riozinho, de descobrir que a capital da Bulgária chama-se SOFIA, de pagar 3 reais por 1h de internet, de querer muito aparecer no telão para 40 mil pessoas, de dormir o sono dos justos, de ver meu irmão atolar o carro na areia, de sonhar com um futuro incerto, de passar quase 24h com todos os membros da família por 12 dias, de fazer escolhas com o O Monge e o Executivo, de sentir cheiro de aveia queimada na volta, de me perder nessa mesma volta e de sair e chegar em casa em paz, seguro, com lembranças preciosas de uma viagem inesquecível, vi que a vida não é tão insípida. Não é mesmo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Tentando colocar mais sal, pimentinhas e deixando marinar

Talvez eu seja assim porque toda essa incerteza me alucina, me leva ao nada... me leva às profundezas do tudo do vazio e à plenitude magnífica da solidão. A solidão pode ser sublime, às vezes. Mas somente quando ela não é acompanhada do dúbio, do hipotético, do improvável. O "talvez" agonia, arranha, acorda, judia. Faz tudo perder o gosto, ou tudo parecer intenso demais.
Talvez, eu seja assim porque esqueceram dos efeitos colaterais da muita sopa azul de riso de rinoceronte que me deram. Sopa, que me fizeram tragar sem respeitarem minhas vontades. Sem terem percebido que eu não queria engolir tanta sensibilidade-perissodátila...

Fui contrariada desde a concepção, amigos... e contrariada sigo, escrava do talvez e do que Lispector chamou de "voracidade do tempo que nos come".

***

Porcentagens de mim:


Advanced Global Personality Test Results
Extraversion |||||||||||||||||| 76%
Stability |||| 13%
Orderliness |||||||||||||||||| 73%
Accommodation |||||| 30%
Interdependence |||||| 23%
Intellectual |||||||||||||||||||| 90%
Mystical |||||| 30%
Artistic |||||||||||||||||| 76%
Religious || 10%
Hedonism || 10%
Materialism |||||||||||||||||| 76%
Narcissism |||||||||||||||| 70%
Adventurousness |||||||||||||||| 70%
Work ethic |||||||||||||||| 63%
Self absorbed |||||||||||||||||| 76%
Conflict seeking |||||||||||| 43%
Need to dominate |||||||||||||||||||| 90%
Romantic |||||| 30%
Avoidant |||||||||||| 50%
Anti-authority |||||||||||||||||||| 90%
Wealth |||||||||||| 50%
Dependency || 10%
Change averse |||| 16%
Cautiousness |||| 16%
Individuality |||||||||||||||||||| 90%
Sexuality |||||| 23%
Peter pan complex |||||| 23%
Physical security |||||||||||||||||||| 90%
Physical Fitness |||||| 24%
Histrionic |||||||||||||||||||| 90%
Paranoia |||||| 30%
Vanity |||||||||||| 43%
Hypersensitivity |||||||||||||||| 70%
Indie |||||||||||||| 58%
Take Free Advanced Global Personality Test
personality test by similarminds.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Pós-ESCS



Cheguei de Brasília ontem. Depois de sofrer o massacre intelectual de dois dias, enfrentar elevadores que mordem, escutar coisas inteligentes no meio da prova como "Posso abrir um lenço?", passar frio à temperatura de 30ºC, estar enjoada de ver os babacas pilotis idealistas do Corbusier, fritar, ter o cérebro fritado, comprar águas (horrivelmente e perversamente gaseificadas) de R$ 2,50, dormir às 21h e acordar cansada, pegar indevidamente 3 envelopinhos de chá preto da caixinha chique do hotel no café da manhã, chorar pelo chocolate derretido, ser totalmente tentada a gastar R$ 20, 00 por uma singular e mixa hora de internet para matar a saudade da Filia, comprar uma Pucca que acende bochechinha, ganhar mais dois hematomas na perna (ê, mais dois pra coleção), descobrir como é (e o que é) a música do NX-número, ouvir coisas sem sentido, não saber sair do local da prova, perceber que muitos dos "aspirantes à medicina" são verdadeiros jackasses, sujar o chão de ketchup, saber que existe uma tal teoria de Bolzano, chamar a comida do McDonnald's de "slowest food ever", usar meus conhecimentos sobre fluoxetina, lamentar meus conhecimentos sobre fluoxetina, achar dois reais no banheiro (em moeda), ouvir conversa dos outros para tentar diminuir a solidão, gastar créditos e créditos de celular para confirmar o inusitado: "havia diplomacia no século XVI"... Cheguei a uma conclusão: a vida não é tão insípida quanto eu pensava... Ela é mais.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

(...) and miles to go before I sleep


Sim, devemos tentar, mesmo que possa soar ridículo. O verdadeiro bobo é aquele que chega no final do caminho e percebe que todas suas conquistas não cabem em lugar algum... porque elas nunca existiram. Bobo, pedante, ridículo é aquele que apenas se resignou e levou a vida que os outros quiseram. E, você... amigo, não é assim, porque quando o final se aproximar não vai ser um dos milhões que vai dizer: "Foi só isso?". Vai ser um dos únicos a dizer: "Isso tudo ainda não foi nada" e terá na boca o gosto glorioso do infinito.
Você aprendeu a não se contentar com aquilo que lhe foi dado e sabe tudo sobre a importância de ousar, sempre e mais. Ter a coragem de mergulhar de olhos abertos e de falar, quando todos se escondem por trás de um covarde silêncio.
O trágico habita na impossibilidade do não-ser.

***

"O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais,
exijo demais,
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo,
pois estou longe de ser uma pessimista;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa,
violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudades…sei lá de quê!”

[ Florbela Espanca ]


***

Sim, e essa é minha insônia... Acho que ando com medo de dormir... me enganando: "se eu não fechar os olhos, o amanhã não chegará". Boba, sou eu. Aqui, "morrendo de saudades... sei lá de quê!" E amando morrer. Morrer de saudades sabe ser fria e confortável como nenhuma outra experiência.

***

"Tudo o que eu tenho é a nostalgia que vem de uma vida errada, de um temperamento excessivamente sensível, de talvez uma vocação errada." (Clarice Lispector)

(Assim fico eu, com a madrugada, quando não há nada... só uma janela que não soube se fechar e uma cortina que não soube conter a curiosidade e vai lá pra fora tentar ver o mundo cheio de sono e de cinzas, a pior das fênix).

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Pode apostar.

Ultimamente tudo que tenho assistido e ouvido parece querer dizer-me algo sobre o grande sonho de minha vida. Diariamente, mensagens implícitas de esperança e incentivo para que eu prossiga, para que tente, parecem dirigir-se a mim. Se é apenas fruto de minha imaginação, fazendo com que veja o que quero ver, não sei. Contudo, hoje, no 1º dia de 2008, prometi algo para mim mesmo. Prometi arriscar. Sem pensar no que pensarão de mim, no que podem dizer e no quanto me julgarão. É hora de fazer algo, de parar de simplesmente esperar acontecer, como se tudo fosse virar realidade num passe de mágica. Se quero ser um ator internacional e fazer parte do mundo do cinema (sim, não me envergonho mais de dizer), vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que isso torne-se realidade. O futuro à Deus pertence, mas seria um administrador frustrado se não tivesse a certeza de que havia ao menos tentado. Difícil? Talvez. Impossível? Não. O meu Deus é o Deus do impossível, e a Ele, somente, cabe a decisão do que será feito de mim. E isso não é destino, pois o que determinará a vitória serão minhas ações, guiadas por Deus. É nisso que acredito. Neste ano que acaba de começar, prometo a mim mesmo deixar de apenas sonhar. A ser de fato o ator principal no espetáculo de minha vida. E que venham os medos, as frustrações e decepções. Se não estiver preparado, aprenderei com os erros. A citação "vencer sem sofrer é triunfar sem glória" nunca foi tão real e importante para mim. Realmente acredito que quando lutamos verdadeiramente pelo que queremos, nós alcançamos. Inúmeros exemplos de homens e mulheres que alcançaram o sucesso (e não falo de fama), saindo do zero, como eu, são a prova viva de que eu posso. Se não conseguir, tudo bem. Ao menos o fantasma do "e se..." não me assombrará eternamente. Sei bem que o que digo aqui será surpresa para muitos, mas senti dentro de mim a necessidade de compartilhar. Preciso de apoio, preciso da verdade. É com muita garra e esperança que rebobino e começo tudo de novo. Com uma nova força e com novos sonhos. Mais seguro do que quero e com os pés mais fincados no chão. Sonhador demais? Pedante? Ridículo? Como disse minha amiga Rodayne, nesta mesma página: Am I? Don't care a damn if I am.