quarta-feira, 29 de julho de 2009

Para Francisco

Mal consigo sair. Sinto muito, amigo. Acho que me envolvi demais na ausência ampla e em lágrimas, que de tão salobras amargam meu sorriso. Ainda bem que eu não ligo para o gosto da alegria. Gostaria de tempo... me cederia algum?


Sei que você respirou ares coloridos, provou dos gostos mais intensos, tomou decisões, descobriu novas palavras e com elas... novos sentimentos. Aposto em um Francisco mais sólido, mais complexo, mais adulto. Quantas voltas sua alma já deu? Reflexões vieram, ondas quebraram em seus olhos, arrebentando a provincianidade goiana... Você? Um outro. O outro.

Mas tem o apesar. O apesar. Você ainda é aquele menino que se vestia de um bicho qualquer para alegrar aqueles no departamentos de oncologia de hospitais. Você é ainda alegre, um poeta, um amigo, um parceiro de fugas e de segredos. Isso não muda. Isso é seu e um pouco meu.
Meu, por estar aqui, atracado no meu peito. Uma pequena âncora-Francisco no infinito oceano que é meu coração.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A eloqüência dos fantasmas


Hoje, ele se foi. Abandonou sua casa, aquela que nunca fora seu lar. Despediu-se da mesinha de mogno, de sua calculadora científica e soltou minha mão. Atravessou a rua da infinitude - os passos são poucos para que a delicadeza da existência se desfaça em mil cacos purpúreos.

Ele deixou poucas roupas em um guarda-roupa carcomido por cupins invisíveis. Eu sei, R., eu sempre soube que esses cupins não comiam somente a madeira. Sempre os percebi perfurando tua alma também. Eles digeriam tua pureza e tua elegância... invejosos sim. Mas esperar menos mesquinhez de cupins seria como esperar chuva de confetes dourados e sorrisos que durem para sempre...

Tu te foste, meu grande amigo. Deixou-me só a companhia da lembrança de tuas palavras, de teu humor típico, de tua capacidade de abstrair da vida uma seriedade e pensamentos tão ímpares , tão superiores à unanimidade burra. Ensinaste-me, esperaste que a lição ficasse fixa em mim e deste aquele aceno perpétuo. Aceno que eu não aceito, não quero aceitar.

Os cupins já não são os mesmos, R. E eu, estou com eles, nessa sensação de nunca mais poder respirar a menina que eu era. Nem meus sapatos me cabem. São pequenos demais para meus pés que tanto cresceram por caminharem demais em reflexões que pudessem me trazer algum conforto... algum alento que pudesse amaciar a dureza excruciante da tua ausência. "Eu deixo a vida como quem deixa o tédio", foi assim R?

Deixaste a patetice de acordar cedo e dormir tarde com a sensação inócua de que nada valera. Sensação que pesa o travesseiro e o transforma em pedra para uma cabeça tão grave, tão exausta e insatisfeita. Não vale tanto suplício, eu sei. Mas as pílulas que me dão, anestesiam essa vontade louca de escapar dos grilhões do ter que pertencer ao grupo dos quadrados quando se é uma bolinha. Por que não quiseste tomá-las também? Era ridículo demais para ti?

E o que eu levo disso tudo? Disso tudo que chamam de luto, disso tudo que chamam de dor intermitente? Cicatrizes, lembranças, notas musicais dispersas encravadas no peito? Levo orgulho por te ter conhecido? Honra de ser pra mim aquele bilhete encontrado no teu bolso?
"Espero que tu nunca me entendas, porque então estarás tão desesperada quanto eu"?

R., teu epitáfio fica embebido da minha angústia. Compreendo, teu tempo passou, nossas horas, no entanto, ficam. E a minha mão, volta a se enlaçar com mais força na tua.
Que descanses em paz, amigo!

sábado, 11 de julho de 2009

My "post secret" moment:


I'm afraid that my psychiatry won't continue prescribing me my usual black lable meds.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Melodies and desires

Então, ele apareceu. Não brotou do asfalto, como a flor que eu queria, mas veio. Veio dentro de uma sala cinzenta com tijolos amarelos repletos de dor, sala abstrata, impalpável. Embrulhado em sorrisos, comentários elegantes, ele me fez perceber que nossas mãos não precisam se entrelaçar, para estarmos unidos. Nossas almas já entraram em simbiose há tanto... que nem mais sei qual parte de mim segue comigo e qual parte minha vai com ele.

Eu, cética... abandonada em mim, consegui encontrar o amor puro. Aquele, que enleva, faz a alma descansar no perfume mais acalentador e faz os olhos repousarem nas palavras mais exatas. Sim, ele mais escreve do que diz, e isso é absurdamente mais delirante para meus ouvidos do que a genialidade de Vivaldi.

Meus sorrisos, causados por ele,
me transfiguram a cara. As gargalhadas, vindas da profundidade da minha garganta, maculam o ar e abusam dos tímpanos dos outros (bluh, bluh, bluh)... mas quer saber, a felicidade é assim mesmo: deformante.


domingo, 5 de julho de 2009




If Misery is a butterfly... I wonder where is the frog to eat it.

I need a fix 'cause I'm goin' down, down to the bits that I left up town. I need a fix 'cause I'm goin' down.