segunda-feira, 30 de março de 2009

Um poema, um sorriso... um espelho

Achei este poema em um dos meus blogs favoritos. Sei que quando você for ler, vai se ver nele também...

First Love - Charles Bukowski


At one time
when I was 16
a few writers gave me
my only hope and
chance.

my father disliked
books and
my mother disliked
books (because my father
disliked books)
especially those I brought back
from the library:
D.H. Lawrence
Dostoevsky
Turgenev
Gorky
A. Huxley
Sinclair Lewis
others.

I had my own bedroom
but at 8 p.m.
we were all supposed to go to sleep:
“Early to bed and early to rise
makes a man healthy, wealthy and wise,”
my father would say.

“LIGHTS OUT!” he would shout.

then I would take the bed lamp
place it under the covers
and with the heat and hidden light
I would continue to read:
Ibsen
Shakespeare
Chekov
Jeffers
Thurber
Conrad Aiken
others.

they gave me a chance and some hope
in a place of no chance
no hope, no feeling.

I worked for it.
it got hot under the covers.
sometimes the sheets would begin to smoke
then I’d switch the lamp off,
hold it outside to
cool off.

without those books
I’m not quite sure
how I would have turned
out:
raving; the
murderer of the father;
idiocy;
hopelessness.

when my father shouted
“LIGHTS OUT!”
I’m sure he feared
the well-written word
immortalized
forever
in our best and
most interesting
literature.

and it was there
for me
close to me
under the covers
more woman than woman
more man than man.

I had it all
and
I took it.



sexta-feira, 20 de março de 2009

wave good bye and save a smile

eu? gostaria de abraçar o mundo... só pra ter a certeza de que você está bem. isso me bastaria, mesmo eu estando em um estado amargo de não contentação com absolutamente nada. eu, eu, eu... eu e desejos, e espera, e noites.

o vento passa pela janela e há folhas que me esperam sobre a mesa. há sonhos enovelados aqui no coração... há vontade de entender a condição humana e seus entralaçamentos com a fisiologia. há vontade de beber oceanos, de percorrer locais, visitar todos estados do Brasil e países. países que de tão ideais parecem não existir...

e fico imaginando meu sorriso, meu rosto, meus olhos. fico imaginando a segurança, como um estágio. como um algo a se atingir, como epifania, como um divisor de águas, como um transformador físico de mim - mero traste que fica andando por aí, reclamando do impalpável...

ah... mas tudo isso me vêm em crises febris de fim de ligações. eu gostaria mesmo era de abarcar o universo e ter a certeza de que você está bem... mesmo que tão distante de mim.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Intento

"Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado. Mas quando voltou a ver do convés do navio o promontório branco do bairro colonial, os urubus imóveis nos telhados, a roupa dos pobres estendida a secar nas sacadas, compreendeu até que ponto tinha sido uma vítima fácil das burlas caritativas da saudade."

(Gabriel Garcia Márquez)

segunda-feira, 16 de março de 2009

O doce do amargo

A dor das palavras nem sempre é reflexo da alma.
Por que, então, correr as linhas falando sobre olhos fechados e pés frios? Assim escutei uma vez... "é mister sofrer para se saber o que no peito o coração não quer dizer."
Ser feliz é mais que estampar sorrisos na cara o tempo todo. É, no encontro de dois rios tão turbulentos, encontrar paz. Acompanhada de lágrimas salgadas ou embalada por um samba de esquina. O traje não importa, quando no redemoinho que é a vida se é capaz de encontrá-la.
Fome, miséria, abandono por hora não compõem as fotografias sépia do meu álbum invisível. E sou grato, tento ser. Mas sim, existem pedras na estrada. Sem raízes atando-as ao chão, eu sei, mas aí estão. E por poder, como menino jogo com elas. Descanso sobre sua superfície dura. Umas horas, alguns dias. Retiro-as do caminho, sozinho ou acompanhado. Apenas desvio-me, chuto, recolho, converso, torno-me amigo, inimigo, choro, grito, rio, perco o controle, ah! faço inúmeras coisas!
Não ficam aí todo o sempre, embora os tropeços responsáveis pela descoberta necessária sejam inevitáveis e de um gostoso amargo doce. Ou doce amargo.
Ser feliz é mais que estampar sorrisos na cara o tempo todo. É, ainda que doa, perder o fôlego pelo simples prazer de ver mais fundo. Entregar-se ao risco de sofrer pelo êxtase escondido entre o sim e o não. Brindar com a tristeza e dizer-lhe sem medo: dança comigo?
A felicidade é um mistério. Num mundo de emoções sem-fim, não importa a forma, a porção, o motivo, o lugar. Importa abrir os olhos e os braços.
As luzes apagam-se, os sons emudecem-se. Só existe você e ela. Se a magia do momento durará uma vida ou um suspiro, é só mais um "se" que desaparece.
O abraço será sua única razão, imerso em melancolia ou em orgasmos de alegria.

terça-feira, 10 de março de 2009

As facetas

Aquela prisão lhe estava sufocando. Não havia grades nem paredes cinza, mas sentia-se claustrofóbico ali. O ar entrava rasgando, machucando suas traquéias, como o primeiro respirar depois do quase afogamento.
Estava só. Mais solitário que aquela canção, e não chegaria nenhum telegrama. Estava sozinho. Não queria beijar uma parede que fosse, nem dar bom-dias. Preferia a noite sedutora, batom vermelho, vestido negro e perfume francês. Ela dava-lhe os abraços mais cálidos e esperados. Os beijos únicos e os suspiros de depois. Perder-se em seus braços, isso sim, era sentir-se bem. Desejava que as lágrimas se tornassem loucura de uma vez por todas. Que viesse a chuva, ou tudo, mas que fosse de uma vez por todas. Estava assim, parado no meio de uma piscina vazia, esperando, esperando impaciente os mil litros de água que o banhariam.
Não precisava ser tão complicado, sabia. Mas a alma inquieta, o coração sempre batendo mais acelerado não lhe davam escolha. Com sorrisos falsos maquiava-se para suportar os dias e o sol. Com freqüência dizia anedotas, enquanto em preto-e-branco projetava a realidade noir de seu filme B. Se gostava de fingir ou não, mistério. Mas o fazia. Sem saber se bem.
Sofria da eterna falta do que falar. Em cada passo os assuntos pobres enchiam sua própria caixa vazia. Mas ele a havia esvaziado. Sacado tudo para sentir-se leve e vazio. Dos poucos amigos, agora tinha um a menos. E a lágrima, não transformada em loucura, descia sobre a pele escura. A tristeza era senhora.

domingo, 1 de março de 2009

Do not cry in public

Não consigo comentar os posts que me tocam, não consigo visitar os blogs que me agradam e me fazem sorrir. Não consigo sorrir. E interagir com as pessoas é doloroso demais para suportar. Não... não é sobre isso que você acha que é. Talvez seja pior. Não suporto ninguém por não suportar a mim mesma... E então lágrimas...

Lágrimas que me vêm sem muita razão. É, eu sei para onde estou indo. Sei o quanto a estrada é escura e hostil. Mas não consigo controlar os pés dos meus sentimentos. E eu já estou lá, imersa em tudo isso que se desmancha... e que se desvale. Oi, bom dia! Como foi seu fim de semana? E lá dentro de mim eu canto:


Anyway, I can try
Anything it's the same circle
That leads to nowhere and I'm tired now.

Anyway, I've lost my face,
My dignity, my look,
Everything is gone
And I'm tired now.

Só me resta, então, sentir esse amargo na boca, esse nó na garganta... Costumava me afetar. Não, não é isso que você está pensando, repito. Não é! Não é simples, não é uma questão de tempo, não é divertido e deixou de ser poético há três anos. E aí, estudando muito? A música volta a se cantar, nem sou eu mais que a entôo.

No concentration,
Just a white disorder
Everywhere around me,
You know I'm so tired now.

Mas sim, estudo... como se isso fosse diminuir o que acontece dentro de mim. E quer saber? Eu nem devia estar sendo sincera, não deveria sair dizendo coisa alguma... Guardar a dor em bloquinhos azuis dentro da gaveta bastava. Mas de alguma forma, dizer com os dedos torna tudo mais brando. E eu tento não ter nada para guardar. Tento sair de mim.

Sometimes I open the windows
And listen people walking in the down streets.
There is a life out there.

Sair do que se é, de como se está. Permanente, temporário. Contrários que se tornam sinônimos. Maquininha de água salobra, são meus olhos. Ah, mas a minha gaveta ainda tem um pouco de sopa de riso de rinoceronte. Posso ir me agüentando assim. E se o estoque de sopa acabar, meus amigos vêm deixar um pouco mais de comida para as feridas.

But don't worry
I often go to dinners and parties
With some old friends who care for me,
Take me back home and stay.

E isso me basta.