domingo, 28 de setembro de 2008

Tanto tempo sem escrever, sem ter esse gostinho de deixar as pontas dos dedos irem vomitando as palavras em cima do teclado, assim... ao seu sabor. Acho que escrever me esvazia... e nossa! Como ando cheia. Não sei dizer se ando cansada, farta, chata ou se simplesmente descobri aquela coisa proibida sobre a vida.
A verdade, é que o desespero anda impregnado na minha pele e mal consegui ler seu último post, Toulon. As primeiras palavras escritas parecem ser as minhas, seriam essas que meus dedos digitariam... A vida e sua dor. De novo, de novo! Mais uma vez viver está sangrando, por favor, me expliquem como fazer ficar tudo suportável, pelo menos minimamente melhor.
O bom é que eu estou sem tempo para pensar na vida... mas toda hora, antes de dormir, a noite não se faz de negro veludo como nos livros... Apesar do sono, vem o tapa na cara, vem isso tudo que embolora o rosto e implanta dois buracos no lugar dos olhos...
Temo não saber gastar a vida e estar póstuma aos 18 anos... Como eu queria ser adulta, ter 37 anos, ter certezas na vida, não ser desolada e simplesmente vencer minha condição lacunar e fragmentária...
Ajuda, ajuda... é tudo que os dedos imprimem na tela branca... e alma pede, sôfrega.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Olhos fechados

Oprime. Incomoda. Sufoca. Preenche. Amargura.
Isso faz esse sentimento estranho, impalpável, indescritível, encravado em mim. Ele, ele, ele. Bicho que penetra meu cérebro e toma para si os melhores pensamentos, os inúteis, entregues à raiva que me provocam. Sonhos e mais sonhos de outros tempos. Sonhos, temo dizer, que verdadeiramente nunca deixei escapar.
Em algum ponto de sua vida a paixão volta. Em alguma hora, de surpresa, aquilo que te faz sorrir como bobo, que te faz ser onda, ar, árvore ou o que seja, volta.
Não adianta. O questionamento cutucará de novo. E vai te fazer sofrer, olhar para trás, para dentro, para frente, como tem sido comigo. O tal futuro está vestindo-se de monstro e assusta-me como nunca o fez. Fico sem fôlego só de pensar, me dá vontade de gritar, de sair e finalmente encontrar. Esse alguém que tenha a coragem que no momento não tenho. Que me levaria consigo, por esse mundo afora, louco, em busca do que manda o coração. A pessoa que quebra as barreiras gigantes e alcança. Utópica, mas não consigo deixar de crer, real.
Não encontro a saída. A porta que dá passe livre, caminhos floridos ou sonhos realizados, simplesmente. Como queria largar tudo e dedicar-me ao que me faz sorrir como bobo. Quem dera não fosse mais um bobo, embriagado de medos, anseios e incertezas, como tantos. Dizer que é injusto? Estúpido. Eu, prisioneiro que sou, é quem não consegue largar as correntes. Viver das imagens projetadas no muro ou sair da caverna? Correr o risco de viver o que deseja, mesmo podendo tornar-se cego, ou assistir às projeções da vida perfeita, tão bem arquitetadas? Filosofia barata.
Já se acabam as palavras e não disse nada. Se tivesse escolha, talvez não desejasse reencontrá-los. Talvez fosse melhor viver sem eles... Não, não acredito nesse talvez. Melhor tê-los aqui.
A lua já está aí, esperando aflita por meu sono, quando a espera deles terminará. Tomarão todo o meu ser novamente. Estarei dominado por algumas horas, até que o abrir dos olhos possa me libertar e...

Liberto? – pergunta-me – Pois ainda estarás preso. Sonhas também acordado.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Afônico

Já era noite. Depois de mais algumas páginas de Cem Anos de Solidão, decide dormir. Tudo é silêncio. Com a cabeça descansada sobre o travesseiro, não pode deixar de lembrar. Não consegue dormir. Pensa nas pessoas tão distantes e no tempo sem vê-las. Sente um aperto grande no peito, “caixinha estúpida”. Viaja com eles, recordando abraços, dias, histórias. Reacende o abajur e pega as cartas, escondidas dentro do livro, presente distante. Começa a lê-las. Lágrimas pesadas começam a escorrer por sua face. Sente já não poder suportar. Deseja alguém, qualquer pessoa que seja. Ninguém vem. Enfrenta seus medos sozinho, como muitas vezes o fez. Olha o teto branco de seu quarto, os quadros, seus detalhes. Lembra do seu quarto. Sente-se sufocado, e novamente deseja alguém, que nunca chega. Sua garganta dói. A boca está seca, mas seu corpo continua parado, ignorando o desejo, suprimindo-o. As lágrimas agora já não são de dor e descem suaves, continuadamente. Deseja colo, aquelas mãos. Toca as cartas, como se uma mensagem distante pudesse ser transmitida através de seus dedos. Pede perdão. Os minutos mais parecem horas. É engolido pela madrugada. Os sonhos também não vêm. Está mesmo só. Cobre-se, descobre-se. Vira para um lado, para o outro. Quer gritar, mas não pode. Fecha os olhos, e transforma-se em vento. Viaja por terras distantes e chega, finalmente, aonde quer. Sente, então, aquelas mãos. Seu toque macio. O conforto. O carinho. Abre os olhos. Volta subitamente à realidade. Já não sente nada, é pura oqüidão. Quer ser vento de novo, mas já é tarde. Tarde demais.

sábado, 6 de setembro de 2008

Viva México!

O patriotismo mexicano encanta-me. Não vejo no Brasil tamanho amor a seu país, a suas raízes e povo. Estamos no mês em que celebra-se a independência aqui, e por todos os lados vê-se bandeiras, lembranças, celebrações. Há um sentimento distinto, orgulho impenetrável. Mesmo com todos os problemas e dificuldades existentes, vive-se com alegria. Como tenho me divertido e aprendido com o modo de ser mexicano. Semana passada fizemos os "honores a la bandera" na escola, que acontece nas datas festivas, uma ou duas vezes ao mês. Foi um momento incrível! Não por complexidade, pois foi relativamente simples, mas por seu valor e tradição intrínsecos. Um grupo de alunos marchou com a bandeira estendida, outro aluno leu um texto cheio de moral e reflexões muito verdadeiras, e o diretor ainda disse algumas palavras, também de incentivo ao fazer, à ação de mudar, e ser responsável por essa mudança. Enfim, desde cedo já é disseminada uma cultura de respeito, que a meu ver falta muito no Brasil. A história deste país, marcada por opressões e domínio, não conseguiu tirar a essência de suas pessoas. Meus sinceros parabéns, México. Por não esconder-se atrás de mentiras e ser quem é. É isso, afinal, o que todos nós deveríamos aprender a fazer.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Diálogo

Comprando presunto no supermercado:
A: Esse homem é gay, né?
B: ...
A: Coitado! Tão novo!

Suspendo a respiração por um pouco.

***
Ontem foi magnífico! Rir até explodir os pulmões e chegar às conclusões de que a vida seria só mais uma obrigação e tirania, caso os melhores amigos não existissem... "Miami", me salvando na hora de pagar a conta, admirando os bebês alheios, criticando o homem que pede uma pizza e só come o recheio (presunto e queijo), deixando a massa inteira no prato junto com duas rodelas murchas de tomate e caroços de azeitona. É... ontem fomos os donos do mundo. Em nossa mão cabia o infinito, mãos inseguras, que quando juntas sabem comer batatas fritas como ninguém!