segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A lágrima do palhaço

A mente divide-se do corpo. Um deseja ficar, o outro ir-se.

Saudade pode não ser calvário, mas é dor. Aquela dor que vem e vai. Vem. E vai.
É difícil escrever. Sinto-me impotente, e a vontade de deixar os dedos voarem sem rumo é inibida por algo que... não sei bem o quê.
Já não quero esconder-me na câmara escura do não-ser. Estou tão sufocado. A palma da mão chega a empurrar a porta, mas nunca leva consigo os braços, as pernas. O ser permanece lá, emaranhado em redes invisíveis, imóvel. Redes incompreensíveis aos olhos dos que não vêem a complexa e satisfatória vida podada diariamente pela consciência nossa.

É engraçado como transcorre o tempo - "implacável". Ontem tudo era cor. As mais estúpidas piadas me faziam rir, o frio não era problema, o cabelo grande e despenteado, apenas cabelo grande e despenteado.
Hoje, o espelho reflete as cicatrizes. Mostra, malévolo, os vazios, os ocos, a falta de. Tudo adquire aquela melancólica cor pastel. As horas tardam-se a passar. Deseja-se, nesses dias, que o vento leve absolutamente tudo. Que as máscaras derretam. Que o sol vaia-se de uma vez e traiga a noite, cujo mistério, afinal, conversa com a fumaça dos meus cigarros. A solidão (ou seria outro sentimento?) nunca foi amiga única. Sempre aparece, fazendo companhia até ao mais feliz dos humanos. Não preciso descrevê-la.

E não há mais a dizer. Amanhã, talvez, a sanfona que é a vida toque uma canção doce e agradável. Agora, apenas deixarei que me enfeiticem as fadas dos contos. Venham. Esperarei os sonhos ou o que queiram trazer, escutando a música suave e triste. Dormirei o sono que não descansa. Venham logo.

Porque não encontra-se no corpo o meu cansaço. Está na mente. E quer ficar.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

"Pra não dizer que não falei das flores..."


E então... passando de carro me deparo com A placa. Comovente, não? ^^ 100% anti-furto!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A hard day's night

Quando lhe disse que estava cansado dos assuntos que nao eram seus, percebeu no rosto enrugado da senhora o esforco para entender. Talvez nao fosse capaz de explicar-se verdadeiramente como queria. As palavras ditas nunca foram seu forte. E para dificultar sua dificuldade de dizer, era um sentimento demasiado estranho. Quando detectou o mais ligeiro gesto afirmativo que ela fez, as palavras prontamente cessaram.

Era justamente de seus assuntos que sentia a maior falta. Os passos trôpegos do presente, as incertezas do futuro louco. Nao apenas dele. Dos outros também. Daqueles cuja vida é compartilhada há muito tempo. Cujas mazelas e exaltacoes sao comuns, "sao nossas" - gostava de pensar.

A filha da prima da tia que havia ido ao show de quem seja? Nao lhe importava. Queria saber o tangível. Nao por cartas ou notícias abstratas. Eram os abracos e conversas de fim de tarde que anseava. As filosofias de meio-fio, os cigarros furtivos, as noites de sexta-feira.
Ah... Sentia, por primeira vez, o gosto amargo do que sempre lhe pareceu doce.

Já desfrutava lágrimas como sorvete em dia caloroso.

Ao tragar a fumaca indiana, esquecia-se da chuva e do frio que entravam pela janela de sua alma. Se ganhava ou perdia tampouco lhe importava. Seguiria apostando todas suas fichas.
Nao deixaria seu samba morrer. Havia dancado sob a lua mais de uma vez, e um simples eclipse nao apagaria as memórias guardadas no mais precioso relicário.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O jeito mais fácil de desistir do vil frasco:

Arthur enviou em 19/12/2008 14:15:
as pessoas simplesmente vivem
Arthur enviou em 19/12/2008 14:15:
eu não entendo
***

E eu também não. Talvez eu nunca entenda... Mas não entender como dizia Lispector sempre vai ser mais vasto do que entender... e assim me perco mais uma vez na infinitude da minha ignorância. Perco-me para não dizer que me afogo, me desmancho na incompreensão mais profunda e abrangente. E plena. É imersa nessa plenitude que encontro consolo por não ser a única e por já não estar mais sozinha naquilo que nunca vai ter fim.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

"Lindíssimo!"

Alimentei-me de emoção e poesia sem fim por algunas horas. Ao ver aqueles olhos de ressaca, oblíquos e dissimulados, senti a exaltação vindo do peito. Como criança, queria que não acabasse a fonte capaz de matar a sede. Tive vontade de levantar-me e entrar na dança. Tomá-la pelos braços, dançar com ela. Não pude fazê-lo. Ganhou a vontade de ficar e contemplar, à espera do fim, sem desejo algum de que terminara.
Respirei o perfume de rosas campestres sobre a pele suave. Provei a delícia do novo e o prazer do velho, nas terras que me separam desta terra amada, mãe de tão delicada composição.
Capitu foi capaz de despertar tudo. A ele e a mim. Voltei aos tempos de menino. Aos amores primeiros, à ingenuidade. O abraço apertado daquelas dúvidas tomaram o meu corpo de novo, e tampouco pude resistir. Me fiz de fraco para que a beleza me fortalecesse.
Suspiros são a música saída dos meus lábios. De sorrisos, componho a melodia.

"And it rips through the silence of our camp at night. And it rips through the silence, all that is left is all that I hide."

Simples homenagem ao grande mestre, à grande obra.
Obrigado, Assis.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O sonhar, de novo.

Tento despertar, mas sigo dormindo acordado, involucrado neste casulo de seda. Estou aqui, acumulando vontades de explodir em mil pedacinhos e alcançar cada esquina do mundo.
Agarra-me pelo coração a coragem de viver de Arte. Respirar, consumir, criar, transformar. No toque, no paladar e olfato. Em meus olhos e ouvidos, ser, em todos os sentidos, naturais e desconhecidos, pura e singela Arte.
Distância, proximidade, amadurecimento, México? Não importa a gêneses do não-torpor. O medo está indo embora de vez... De vez.

Quero subir a montanha que sempre esteve entre nós, Vida. Vou vencendo, aos poucos, todo moinho de vento. Montado em meu burro valente, acredite, toneladas de insegurança se desmancharão ao mero toque. Sim, e a chuva vai lavar nossos corpos sujos, nossos pecados rotos, acumulados e esquecidos no tempo.
Vencerei a montanha e respirarei o ar gélido da mudança. EU VENCI! - será meu grito de triunfo.
Vou segurar a bandeira que sempre foi minha, as lágrimas escorrendo por minha cansada face, limpando o suor, a terra, os galhos. No final, seremos todos um.

Já nao há medo de tomar o caminho errado e sofrer. Tropeçar nos erros é condição nossa, seguir lutando, condição minha. Que venham, pois, suas provocações infindáveis. Estou pronto, espada e escudo em mãos. As pedras no caminho agora são flores. As teias de aranha, algodão-doce. As árvores já não têm garras, não podem nos machucar. Sopra a brisa suave da montanha, deixada para trás. Caminhamos juntos, dançando como crianças, caçando borboletas, rindo de nossas aventuras.

Vemos e sentimos diferente. Voamos juntos sobre os inúmeros pontos de luz abaixo de nós. Belo, infinitamente belo, é você, mar. Voamos juntos entre on inúmeros pontos de luz ao nosso redor. Entre as estrelas, lhe digo: Bela, infinitamente bela, é você, Vida.

sábado, 15 de novembro de 2008

Ainda na rua Namakajiri

A noite está úmida, molhada com seus pensamentos. Em algum lugar do fim do mundo, guardei o infinito dentro de uma concha do mar. O jazz sobe nos copos e livros sobre a mesa. Escorre em notas roxas e azuis no chão e vai borrando tudo que em mim era cinza e insossso.

Agora, não importa, não importa se já é tarde, se os pássaros choram lá em cima, se o próprio dia tem ojeriza de nascer de novo e de novo. Agora, até o mais pálido ódio daquela impotência e vontade absurda de retribuir o indiscutível se pintou. Imperecível é aquela tarde que morreu em garfadas sulfúricas de sorriso.

Os minutos esvaziarão aquelas caixas de saudade e amanhã, o dia será macio como nunca foi. E virão todos os argumentos, todas impossibilidades, todo o ferro fundido e não liquefeito. Virão as regras, os espartilhos, a dificuldade. A minha falta, a sua falta. Talvez, o meu exagero também acompanhe os pratos esvaziados de tristeza. Talvez, o talvez deixe de me alucinar... As velas dos meus barcos serão erguidas novamente, e só assim... só assim, podrei fazer aquilo que sempre quis: me perder no mais cheio de liberdade futuro azul.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Amigo,

Apesar do cansaço sinto-me pleno. É como sentir a chuva sobre a pele depois de muito tempo de sequidão. As gotas percorrendo cada espaço do corpo, escorrendo, trazendo um novo frescor, limpando os olhos, os erros, renovando.

Como definir em palavras este sentimento? Não sei.

Olho esta página em branco e só vejo cores. Cores de um ontem inesquecível. Aquarelas de renascimento. Matizes de plenitude. Serpentinas roxas, amarelas, vermelhas saindo da minha boca. Quem entende as surpresas do porvir? E do agora?

Ontem cumpri três meses. Três meses que mais parecem dez. Dias de detalhes, de nostalgia e mudanças. De decisões nítidas e emoções tão grandes que chegam a derramar do meu peito. Quando vejo o que transborda não posso deixar de sorrir... É brilho refletido em mim, é beleza refletida em tudo. Em tudo, amigo! Mesmo nas noites frias e sem alento.

Talvez não saiba descrevê-lo. Agarra-me pelos dedos e dessa vez não escorrego. Vem, e tira o fôlego, sacode, faz-me rir do fusca amarelo, faz-me sonhar ainda mais! E isso quê? Sim! Vou rir com meus dentes amarelos do fusca amarelo, vou viver a minha vida como homem errante que sou. Não deixarei de percorrer caminhos porque não parecem floridos. Não estão floridos agora, mas a primavera há de chegar. Há de chegar e trazer consigo a brisa suave do acerto, as folhas púrpuras da árvore em cuja sombra hei de descansar.

Escute. Abra bem os ouvidos. Agora sou eu quem aconselha. Faça suas escolhas e os esqueça. Os olhares tortos, os dedos que só sabem apontar. Responda-os com passos firmes, com palavras verdadeiras e se preciso for, afogue os gritos no travesseiro. Não tenha medo.

As cartas que possuo não passam de meras cartas. A bola de cristal já está rompida. Não tenho respostas para mim, para ninguém. Mas sinto voltar a força que nos faltava! A força que perdeu-se junto aos sinos que anunciavam o passar do tempo. Podemos alcançar o oceano e toda sua infinitude, ainda que nos rebata uma onda, e outra, e outra, e outra...

Podemos, amigo. Podemos mudar o mundo. Podemos viver os sonhos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

In a hole

Another hard day. Tears and smiles and voices I was dying to hear.
Finding out what the word homesickness means.
Looking for the meanings of another words.
Looking at the one who stares at me in the mirror and guessing who is he.
Who am I?
A dreamer.
A lover.
A refugee. But not a coward.
I face the fears I thought I wouldn't have.
I face them alone, as it has to be.
Cry my heart out is giving me strengh. Is making me go forward.
I don't want to miss any experience Mexico can give me. It was a choice I will never regret.
That's why even lost, I'm finding my own way.

"I just got lost
Every river that I tried to cross
Every door I ever tried was locked."

But now I can see a light, and I won't, I won't let it go.

domingo, 2 de novembro de 2008

Aba!

Um buraco no peito me sufoca. A angústia da distância daqueles doces, amáveis, confortantes olhos, agora congelados na foto de meu computador, reduzem-me a meros pedaços.
Aquela dor agonizante regressa.
Pensar dói pois traz recuerdos que a todo momento tento inutilmente afastar.
Chorar doí pois não sinto minhas as lágrimas.
Olhá-la, apesar da vontade amarga do toque, do abraço ou simplesmente do sentir o cheiro inesquecível de seu cabelo, desperta-me um pesar tão grande que também tento, inutilmente, evitar sua mirada.
Neste momento tudo parece ser apenas dor, dor, dor.
Anelo a volta, as mãos, o beijo. Desejo-os agora, mas há uma distancia grande, tão grande.
A poucos passos vejo a luz. Mas nao há luz que substitua sua luz.
Oh me Deus, ajuda-me a confiar. Quando os sonhos se frustam ou parecem não se realizar. Quando as forças se acabam. Quando as lutas querem me esmagar, oh meu Deus, ajuda-me a avançar.

Deseo yo volver, necesito estar ahí
Siento la nostalgia del lugar donde nací
Volveré consciente de donde estaré
Tú eres mi lugar
Volveré, por siempre yo ahí estaré
Y ahí me quedaré
Vólveré, nada me detendrá.


Tenho saudade da minha mãe.
Tenho saudade de tudo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

oi, noite!

esse calor? esse calor que prega no corpo, pescoço melado de ar. sol pedindo socorro à sua própria temperatura. sem letra maiúscula, sem obrigações... noite indiferente do dia... todas as horas são promessas, são o futuro, são o passado. tudo em alegria (tão rara) palpitante. os dias, temidos dias estão chegando... chegando, vem pressa, vem medo, vem vontade, vem tudo. já não desespero, porque ele foi embora de vez (nem tanto, talvez, mas quero acreditar que sim). penso entendier agora. por isso, deixo o calor empapar meus suspiros. suspiros que viram água na geladeira, noite passada com amigos feitos de papel. oi!

***

ah, e você... que tão bem me entendeu no meu último post... ehm... foi reconfortante (inteiramente reconfortante) ler seu comentário.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Guardado

Já não lhe importa se chove ou faz calor

Perde-se na multidão de sorrisos

Abatido pela incerteza do não saber

Os pensamentos são incontroláveis

As atitudes não correspondem à angústia

É contraditório e fraco, demasiado fraco

Os suspiros já lhe cansam

Saem cansados, enxarcados de uma aparente derrota

Imagina tanto que as forças esvaem-se

Apesar da real vontade de lutar

Perdido em seu mundo de fantasia

Acorrentado à realidade futura

Apavorante, enfadosa, inverossímel, mentirosa

Falta-lhe coragem e muitos degraus a subir

Dentro e fora de si

Encontra-se cansado

Sensível às mínimas imagens ou estímulos

Capazes de desfazê-lo, derrubá-lo

Devorá-lo? Sim, capazes de tudo

Entre alegrias explícitas e temores ocultos divide seu ser

Pobre ser

Que ainda não desistiu

Resiste

Inconsciente da verdadeira fonte que lhe sustenta

Prefere fluir com a música

Viajar em seus filmes

E (con)viver com as incertezas

É melhor ser assim

Ainda é melhor acreditar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Plática Corta

Aos que entram no blog esperando notícias ou mínimo algo interessante, desculpem a ausência. Como havia dito uma vez, os dias passam tao rápido que quando vejo já é noite e o cansaco ou mesmo a vontade de escrever sofisticadamente nao me permitem fazê-lo. Igual tem passado com o diário pessoal que estou mantendo a parte do blog: há dias nao escrevo aí também (e nao se preocupe Luiz, tratarei de tirar o atraso ya).
Além disso me desestimula a própria língua portuguesa... Nao quero parecer pretencioso, mas sinto que já nao me sai tao bem como antes, e juro que confundo palavras e conjugacoes. É normal, afinal de contas. Escutar e falar em uma outra língua o dia inteiro é surreal, e maravilhoso! Nao pensava que ia gostar tanto deste contato tao intenso com o Espanhol.
Devo dizer que sigo muito feliz. É tanto o que me alegra que nao há lugar para (muita) saudade.
Amo estar aqui. Amo os bons amigos que tenho, fazer teatro - que sempre foi minha paixao, a escola, os passeios, a comida, minhas host sisters e host parents, as aulas de inglês, sair com os intercambistas, o cinema, ler Crepúsculo, as perspectivas do que está por vir etc, etc, etc.
Dias de questionamentos, preocupacoes e principalmente dúvidas existem, claro. Mas tento nao fazê-los frequentes. Carpe Diem, hoje e sempre!
Bueno, prometo um post razoável, es decir, com poesia, como gosto de fazer.
Inspiracao nao me falta. Mas tempo (o implacável tempo) sim.
Así que los veo muy pronto! Y viva México!

domingo, 28 de setembro de 2008

Tanto tempo sem escrever, sem ter esse gostinho de deixar as pontas dos dedos irem vomitando as palavras em cima do teclado, assim... ao seu sabor. Acho que escrever me esvazia... e nossa! Como ando cheia. Não sei dizer se ando cansada, farta, chata ou se simplesmente descobri aquela coisa proibida sobre a vida.
A verdade, é que o desespero anda impregnado na minha pele e mal consegui ler seu último post, Toulon. As primeiras palavras escritas parecem ser as minhas, seriam essas que meus dedos digitariam... A vida e sua dor. De novo, de novo! Mais uma vez viver está sangrando, por favor, me expliquem como fazer ficar tudo suportável, pelo menos minimamente melhor.
O bom é que eu estou sem tempo para pensar na vida... mas toda hora, antes de dormir, a noite não se faz de negro veludo como nos livros... Apesar do sono, vem o tapa na cara, vem isso tudo que embolora o rosto e implanta dois buracos no lugar dos olhos...
Temo não saber gastar a vida e estar póstuma aos 18 anos... Como eu queria ser adulta, ter 37 anos, ter certezas na vida, não ser desolada e simplesmente vencer minha condição lacunar e fragmentária...
Ajuda, ajuda... é tudo que os dedos imprimem na tela branca... e alma pede, sôfrega.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Olhos fechados

Oprime. Incomoda. Sufoca. Preenche. Amargura.
Isso faz esse sentimento estranho, impalpável, indescritível, encravado em mim. Ele, ele, ele. Bicho que penetra meu cérebro e toma para si os melhores pensamentos, os inúteis, entregues à raiva que me provocam. Sonhos e mais sonhos de outros tempos. Sonhos, temo dizer, que verdadeiramente nunca deixei escapar.
Em algum ponto de sua vida a paixão volta. Em alguma hora, de surpresa, aquilo que te faz sorrir como bobo, que te faz ser onda, ar, árvore ou o que seja, volta.
Não adianta. O questionamento cutucará de novo. E vai te fazer sofrer, olhar para trás, para dentro, para frente, como tem sido comigo. O tal futuro está vestindo-se de monstro e assusta-me como nunca o fez. Fico sem fôlego só de pensar, me dá vontade de gritar, de sair e finalmente encontrar. Esse alguém que tenha a coragem que no momento não tenho. Que me levaria consigo, por esse mundo afora, louco, em busca do que manda o coração. A pessoa que quebra as barreiras gigantes e alcança. Utópica, mas não consigo deixar de crer, real.
Não encontro a saída. A porta que dá passe livre, caminhos floridos ou sonhos realizados, simplesmente. Como queria largar tudo e dedicar-me ao que me faz sorrir como bobo. Quem dera não fosse mais um bobo, embriagado de medos, anseios e incertezas, como tantos. Dizer que é injusto? Estúpido. Eu, prisioneiro que sou, é quem não consegue largar as correntes. Viver das imagens projetadas no muro ou sair da caverna? Correr o risco de viver o que deseja, mesmo podendo tornar-se cego, ou assistir às projeções da vida perfeita, tão bem arquitetadas? Filosofia barata.
Já se acabam as palavras e não disse nada. Se tivesse escolha, talvez não desejasse reencontrá-los. Talvez fosse melhor viver sem eles... Não, não acredito nesse talvez. Melhor tê-los aqui.
A lua já está aí, esperando aflita por meu sono, quando a espera deles terminará. Tomarão todo o meu ser novamente. Estarei dominado por algumas horas, até que o abrir dos olhos possa me libertar e...

Liberto? – pergunta-me – Pois ainda estarás preso. Sonhas também acordado.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Afônico

Já era noite. Depois de mais algumas páginas de Cem Anos de Solidão, decide dormir. Tudo é silêncio. Com a cabeça descansada sobre o travesseiro, não pode deixar de lembrar. Não consegue dormir. Pensa nas pessoas tão distantes e no tempo sem vê-las. Sente um aperto grande no peito, “caixinha estúpida”. Viaja com eles, recordando abraços, dias, histórias. Reacende o abajur e pega as cartas, escondidas dentro do livro, presente distante. Começa a lê-las. Lágrimas pesadas começam a escorrer por sua face. Sente já não poder suportar. Deseja alguém, qualquer pessoa que seja. Ninguém vem. Enfrenta seus medos sozinho, como muitas vezes o fez. Olha o teto branco de seu quarto, os quadros, seus detalhes. Lembra do seu quarto. Sente-se sufocado, e novamente deseja alguém, que nunca chega. Sua garganta dói. A boca está seca, mas seu corpo continua parado, ignorando o desejo, suprimindo-o. As lágrimas agora já não são de dor e descem suaves, continuadamente. Deseja colo, aquelas mãos. Toca as cartas, como se uma mensagem distante pudesse ser transmitida através de seus dedos. Pede perdão. Os minutos mais parecem horas. É engolido pela madrugada. Os sonhos também não vêm. Está mesmo só. Cobre-se, descobre-se. Vira para um lado, para o outro. Quer gritar, mas não pode. Fecha os olhos, e transforma-se em vento. Viaja por terras distantes e chega, finalmente, aonde quer. Sente, então, aquelas mãos. Seu toque macio. O conforto. O carinho. Abre os olhos. Volta subitamente à realidade. Já não sente nada, é pura oqüidão. Quer ser vento de novo, mas já é tarde. Tarde demais.

sábado, 6 de setembro de 2008

Viva México!

O patriotismo mexicano encanta-me. Não vejo no Brasil tamanho amor a seu país, a suas raízes e povo. Estamos no mês em que celebra-se a independência aqui, e por todos os lados vê-se bandeiras, lembranças, celebrações. Há um sentimento distinto, orgulho impenetrável. Mesmo com todos os problemas e dificuldades existentes, vive-se com alegria. Como tenho me divertido e aprendido com o modo de ser mexicano. Semana passada fizemos os "honores a la bandera" na escola, que acontece nas datas festivas, uma ou duas vezes ao mês. Foi um momento incrível! Não por complexidade, pois foi relativamente simples, mas por seu valor e tradição intrínsecos. Um grupo de alunos marchou com a bandeira estendida, outro aluno leu um texto cheio de moral e reflexões muito verdadeiras, e o diretor ainda disse algumas palavras, também de incentivo ao fazer, à ação de mudar, e ser responsável por essa mudança. Enfim, desde cedo já é disseminada uma cultura de respeito, que a meu ver falta muito no Brasil. A história deste país, marcada por opressões e domínio, não conseguiu tirar a essência de suas pessoas. Meus sinceros parabéns, México. Por não esconder-se atrás de mentiras e ser quem é. É isso, afinal, o que todos nós deveríamos aprender a fazer.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Diálogo

Comprando presunto no supermercado:
A: Esse homem é gay, né?
B: ...
A: Coitado! Tão novo!

Suspendo a respiração por um pouco.

***
Ontem foi magnífico! Rir até explodir os pulmões e chegar às conclusões de que a vida seria só mais uma obrigação e tirania, caso os melhores amigos não existissem... "Miami", me salvando na hora de pagar a conta, admirando os bebês alheios, criticando o homem que pede uma pizza e só come o recheio (presunto e queijo), deixando a massa inteira no prato junto com duas rodelas murchas de tomate e caroços de azeitona. É... ontem fomos os donos do mundo. Em nossa mão cabia o infinito, mãos inseguras, que quando juntas sabem comer batatas fritas como ninguém!

sábado, 30 de agosto de 2008

Vivências

Estar no México é maravilhoso, inusitado, inacreditável. Ainda abro os olhos um pouco assustado, tardando a crer que estou em outro país. Tão perto e tão longe do lugar que sempre chamei de meu, de lar, de onde passou-se toda minha história até poucos dias. Digo perto pois a distância é facilmente encurtada com alguns cliques. Longe pois não há clique ou parafernália que resolva o grande problema que explica-se sozinho e cabe nesta pequena palavra: saudade. Ainda que todas as novidades, amizades e descobertas não tenham deixado minha mente ser tomada por ela, temo que o tempo abra mais espaço.
Sim, estou realizado. É como pensei que seria, é ainda melhor. Cada dia com seus altos e baixos, como é mesmo a vida. Na escola, em casa, no teatro ou com os outros intercambiários a tristeza não chega. É no banho ou no quarto que as lembranças e os pensamentos voam, cheios de preocupação, transportando meu espírito para outros lugares.
Aqui não há a limpeza e organização impecáveis da Europa. Mas há hospitalidade, relações sinceras, cuidado, verdade, calor. Há abraços, brincadeiras e comidas saborosas. Há muita cultura e um aprendizado constante. O espanhol, tão rápido e divertido. Os lugares lindos, de tirar o fôlego. O que ainda está por vir, sentir, desvendar... Há tanto, tanto, tanto!
Sou grato a Deus, pela grandeza do presente dado. A meus pais, por tamanha confiança e força. A meus irmãos e amigos, pela existência, apoio, risos, companheirismo. Sem todos vocês nada teria graça. O México, tão colorido, seria em preto e branco. Minha vida, também colorida, seria em preto e branco. Obrigado por poder compartilhar com vocês, pessoas queridas, o que chamo de minha história.
Vocês são minha cor. Sem vocês, seria incompleto.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

De um tempo atrás

Brasil, Goiás, Anápolis, Nobel, mesa, guardanapo de papel, música, torpor...
"Na verdade só preciso registrar tudo que se passa em minha cabeca nesse momento. Só eu sei o que vivo agora. Nao preciso de ninguém neste momento: Só preciso de mim, de meus últimos instantes com essa música, com essas pessoas. Cada gesto entoa como pensamento. Danco furtivamente, dou tudo de mim. Hoje nao me importam os olhares alheios, seus julgamentos, restricoes. Quero a mim, quero sentir o especial que este momento é. Suas palavras, Luiz, fizeram efeito. Por isso nada vejo de pecado ou erro em aproveitar. Simplesmente. A vida é uma só. Uma apenas, e apesar de tantas contradicoes, precisa ser notada, precisa de fato ser vivida. Agora a faculdade, o trabalho, o futuro, tudo, nada me importa. Quero sentir isso que sinto. 'Sentimento de liberdade toma-me. Seria capaz de voar!?'. SIM, SERIA CAPAZ DE VOAR!!!



domingo, 17 de agosto de 2008

Saudades

A saudade não vai embora, o domingo vira segunda que vira sexta e já vai, já foi. Olha, o tempo anda louco, Toulon... Eu escreveria muito sobre o que tem se feito verde dentro de mim e logo se desfez sobre o sol dessa cidade. Mas estou na Lan house que fecha daqui há seis minutos, as teclas estão grudando nos meus dedos e tem uma pessoa estranha que fica, descaradamente, olhando o que eu estou digitando (mais deliberado impossível)!

Só me resta mesmo mandar os suspiros e aquele sentimento de saber enxergar a vida. Qué tudo estea perfecto aí, mi amigo!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Grito no travesseiro.

Hoje, agora há pouco, fui à reunião do Rotary Club patrocinador de minha viagem. Fui fazer um agradecimento, apenas, sem saber a repercurssão que palavras bem ditas e sinceras podem acarretar...

Estou muito feliz. O reconhecimento de várias pessoas, através de aplausos, abraços, felicitações ou votos de sucesso é algo inexplicável. É por isso que todos lutam para chegar ao topo - o sentimento de reconhecimento por parte dos outros tem um sabor exótico (e muito bom).
Pessoas que nunca vi vinham me desejar boa sorte, aconselhar, parabenizar pelas palavras. "Filho de peixe, peixinho é!" ou "esse menino vai longe!" foram frases entreouvidas por mim enquanto conversava.
Não tento ser convencido. Pelo contrário, nem sinto-me merecedor de tudo isso. Mas é que dá vontade de contar, de dividir a euforia, de registrar!

Você está pronto para este intercâmbio. Que alegria senti ao ouvir essas palavras, acompanhadas de um olhar confiante, satisfeito. O que um singelo parabéns não é capaz de fazer conosco...!

É nesta a atmosfera que me encontro. Dias muito rápidos, compartilhados com a família e amigos, sem espaço para tristeza ou sofrimento antecipado. Dias de sorrisos leves, abraços carinhosos, lembranças.

É nesta atmosfera que vou. E que vôo.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Quatro dias.

Vou para me tornar uma pessoa melhor. Não quero e nem pretendo ser corrompido. O que é a corrupção? Talvez ainda não saiba bem, mas aquilo que vai contra meus valores eu recuso, recuso, recuso. Um ano transforma uma pessoa. Espero sim voltar transformado - mas repito, para melhor. Sei que muito depende das companhias, dos lugares, das escolhas. Quero escolher bem.
Sei da família que deixo para trás, do investimento, sei da confiança depositada em mim e das lágrimas e sofrimento que surgiram só por minha causa. É por isso que não quero me deixar levar pela maré. De forma alguma devo ser comparado... "Porque ela foi assim ou porque ele fez isso." É o meu ano e talvez não faça tudo-tudo o que quiser... Se deixarei de aproveitar ao máximo? Não creio. Aproveitarei ao máximo, sim! Curtirei cada detalhe, cada dia, cada situação. Aprenderei tudo o que puder, e serei feliz demais neste ano. Lutei, consegui e agora desfrutarei da forma que quiser, sem pressões ou expectativas dos outros. Ninguém vive somente para si, e eu - ainda totalmente dependente - tenho não só a obrigação, mas o gosto em obedecer e honrar quem me deu esta oportunidade.

É por isso e por eles que não farei tudo-tudo, e ainda assim viverei tudo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Au revoir muette!

Os dias vieram como bombas uma atrás da outra, o sono ficou para depois... Numa cadência desenfreada, noite, dia, chuva que não vem. Eu, nariz, dor, mãe, avó, dia, noite, chuva que não vem. Ah, mas foi há tanto tempo, parece. E isso, julho, é só o começo do caminho, do que é torto e continua a se fazer em curvas, destroçando o retilínio do destino patético do prometido.

"Eu, eu não sou uma promessa!" Meu coração suspira em multicor monólogo. Azul, roxo, lilás, rosa... até desbotar. E desbota! Vai monólogo se desfaça em negro, em ausência de luminescência. Vai embora nessa falta da cor. Vai monólogo, vai embora. Quero o silêncio e a paz de um descanso de mim mesma. Vou embora, monólogo, vou embora, coração.

Mas saibam, recuperei meu suspiro. Devolveram o que me preenchia e agora posso voltar! Foi uma música que veio e me trouxe o que me tinham roubado. Joguei fora a dipirona sódica, as minhas noites febris, a boca paralisada, o dia das aventuras rotas, dos livros exaustos, dos sapatos de algodão furados. As imagens vão povoando os quatro cantos da lembrança e se acabando em um desvanecer completo. Talvez, possam entender... possam me entender.

Estou me desfazendo do monólogo. Daquela vozinha rouca dentro. Aquela perversa que não te permite sentir o presente, os momentos, as lânguidas horas da madrugada dissolvidas em mel e vinho. Nesse estado de pura ebriedade estou dando adeus ao que apertava meu coração. Adeus ao arame farpado do lamentar o passado e do temer o futuro. Adeus ao fantasma de mim, à falta da solidez e da entrega à desolação.

A valsa está tocando divinamente, agora! As notas musicais coloridas vão te acompanhar até o México, alguns de seus acordes me trarão segurança lá em Goiânia. Escutem! Não é a mera música da vitrola roxa. É o lamento não mais lúgubre do monólogo que de uma vez por todas deixou de afogar aquele violino dentro de mim.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Uma voz aqui dentro.

16 dias separam-me de um mundo novo. Pavimento o caminho com blocos de expectativa, já sentindo o aroma das dálias ao redor, avistando coloríns. Viajo em divagações - quero ver ou sentir antes da hora. Às vezes vêm aqueles pensamentos loucos, irrefreáveis, de que é tempo demais, de que talvez sucumba à saudade, de que não seja tão magnífico. Mas passam. Logo a euforia já preenche cada célula de meu corpo e volta a excitação entorpecente.
"O méxico tem mil vozes: é impossível abrangê-lo. O México canta com a voz de seus poetas e os pincéis de seus artistas. O México fala com a voz polifônica de sua música e suas danças. Com a sua arquitetura. Com a sua fauna e flora. O México fala com a voz multicor de seus artesanatos e entoa um hino gastronômico com sua fabulosa culinária. O México fala com a voz da magia e dos vestígios de outros impérios."
Espero surpreender-me e transbordar-me de tudo isso. Não sigo o conselho de não esperar nada. Desejo mesmo. Quero você, México, e seus gigantes de Tula, suas piñatas, seus vulcões e os catorze climas. Quero tudo o que pode me oferecer. Sentir-lhe como lábios sobre a pele, vivê-lo, apaixonar-me e daqui um ano, em lágrimas, dar-lhe um breve adeus.



sábado, 12 de julho de 2008

Para sempre e mais uma vez

Hoje é aniversário do Franchos! Como ainda não posso dar o presente que gostaria, fazer o que gostaria... fica o post. Simplório, mas cheio de afeto e palavras... que espero serem bem escolhidas.
Franchos foi um garoto que conheci no primeiro ano. Mas só fui realmente conhecer dois anos depois... quando me vi totalmente feliz por tê-lo como um amigo! Amigo daqueles feitos para os dias mudos, para o cinza, para a explosão... para o sempre.

Foi nele que eu pensei primeiramente para escrever comigo quando a idéia de um blog nasceu. Foi ele quem me encorajou sempre, fugiu comigo para a biblioteca, ligou pra mim quando passou na UnBunda (pela primeira vez), escreveu a melhor carta de feliz-aniversário que eu já recebi em toda a vida! É nele que eu penso quando falo inglês, quando ouço "Canta, canta, canta pra não chorar", quando leio um livro harrypotteriano, quando vejo morango e queijo! Afinal... ele ainda é e sempre será Fluffy Franchos! Ainda é e sempre será!

Ele é O amigo-literário-incrível-para-todos-os-dias-até-para-aqueles-em-que-as-palavras-não! Daqueles de conversas infindas, músicas coloridas, palavras justapostas e sorrisos! E lágrimas também... Ele, ele, ele! E escritos, e parcerias nas aulas chatas, nas aulas interessantes... alguém que tenho orgulho de conhecer e ser conhecida por.

Seria para quem eu ligaria todos os dias se tivesse muitos cifrões. Contaria toda minha vida sem novidades. É para quem se tem coragem de falar sobre a folha da árvore que caiu de jeito torto, sobre silêncio ou oco, sobre tudo: vontade, desânimo, força, medo. Não há nada que não se possa falar com ele... O mar que eu não tenho, a tarde que sempre se vai de um jeito que eu nunca quis... ônibus que passa, poema, música, teatro, filme. ("Soir de fete" como música-fundo)

É para ele que apresentei Miss Bunny e Babeuf... é para ele quem apresentei meu eu-caixinha e não tive medo. É para ele esse dia que está nascendo... essas três horas e dezoito minutos da matina... é para ele os parabéns e a minha certeza de que ele não vai ser, não é e nunca foi só mais um.

Congrats, dear friend... for everything you are!

Reticências...

,18. É este o número que carrego agora. Engulo seco. O tempo passou mesmo. E rápido. Já disse antes, mas é preciso repetir. Ele passa, passa, passa e você nem vê! Rápido, rápido demais! O quê? Já passou. É passado.
Foi-se, fez-se, perdeu-se, ganhou-se tudo, nada, pouco, muito. Passou.
Sinto uma estranheza enorme. Não consigo pensar que de fato fiz dezoito anos. É muito estranho.
"Fiz... Ok... Comemorei, alegrei-me, pronto. E agora???"
Toda a liberdade (ooh, 18 anos!) já nem me importa tanto. Queria era parar aqui. Ou regressar ali, avançar aculá... Queria era dominar o tempo. Isso sim. Fazer dele um escravo, o meu escravo. Tomar as rédeas da vida, brincar de ser poderoso, blá, blá, blá...

No seas pendejo! ¬¬

Liberdade. É, quero libertar-me. E não é esse número que liberta. Não, trinta anos ainda podem prender. Alguns grilhões são fortes, quase indestrutíveis. Deve-se ir além. Esse além parece perseguir-me. Quando de fato o desnudarei? ALÉM, quê ou quem és tú afinal?

Preciso dormir. Amanhã deixo a ilha da fantasia, a bolha, a capital Brasília. Volto para casa.
Já se passaram dezoito anos! Dezoito anos desde que dei meu primeiro suspiro por aqui...

(Suspiro)

Só sei que não quero ser mais um... Não vou.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sobre a sensação de não haver um onde

Meu suspiro sumiu. Alguém veio e o levou. Agora só existe aquela minha sensação de ter perdido os pés pelo caminho (sem tijolos amarelos) que vim trilhando. É assim que me desencontro no meu quarto-pequena-Sibéria... E me vem a lembrança daquele final de semana estranho que me serviu como uma luva de quatro dedos:

Eu... sentada em um banco de concreto desgastado, no meio de tantas pessoas absortas. Veio um ônibus e as levou... Vieram outras pessoas coloridas com seus pés e novamente um outro ônibus passou e as levou longe, longe... lá para o infinito de suas casas pastéis. E quanto a mim? "E quanto a mim?" Meus pés perguntam, como naquele poema do Drummond... E todo o meu ser se cala, porque sabe que nenhum ônibus virá para me buscar.

Talvez seja por isso que meus pés se perderam - para não dizer que me abandoram... Mas é que... me entendam, levaram meu suspiro, levaram tudo que havia em mim... e agora, não há quem queira me levar. E não... não há lágrimas dessa vez, apenas anacolutos e um pouquinho de Yann Tiersen para ver se me renasce o que levaram de mim... pra ver se preencho a minha casca vazia de absurdo estado febril!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Meu nome é sede

Ela olhou para o mar... O calor extenuante pesava sobre seus ombros como um fardo amarelo e divinamente dourado. Talvez ela brilhasses como aquelas ondas gigantes se quebrando uma após a outra. Ondas colossais que no fim eram dissolvidas em espuma. Reduzidas a silêncio, à calma.
Ela olhou o mar. Não, dessa vez ele não era azul ou verde. Cinza e gelado vinha de uma vez comer a areia e lamber seus pés. As gaivotas borravam o céu com sua melodia morna, singela. Os grãos, aqueles de areia, incrustavam em seus pés, grudavam em seus dedos e tentavam penetrar sua alma de alguma forma. Eufemismo... os grãos não queriam penetrar! Nunca! Roubariam, se pudessem a vida, a tristeza e a euforia. A necessidade do movimento para eles era fundamental.
O mar, a completude, a vastidão. Tudo mergulhado num eterno preto e branco cheio de horas, de medo, de espera. "Calma!" Berram as gaivotas lá em cima. Alma, alma, alma! São os grãos, em sua tirania parasita e aderente. O mar cheio das ondas e sua sede... A sede, em sua impotência diante do mar. A coragem se esconde... impossível sorver tanto sal, tanto silêncio. A sede paralisa e lhe corta as pernas. Para sempe condenada a olhar tanta água em sua inutilidade.

"
Golden waves
In all directions
I could lose my soul right here
Colour lights
On the runway
Makes a stranger feel unchained

I'm running after time and I miss the sunshine
Summer days will come
happiness will be mine
I'm lost in my words I don't know where I'm going
I do the best I can not to worry about things

I feel loose
I feel haggard
Don't know what I'm looking for
Something true
Something lovely
That will make me feel alive"

That is the
"song that lasts all night/And for the rest of our lifes". Nothing more appropriated...





quarta-feira, 18 de junho de 2008

CATARSE!!

O primeiro impulso foi escrever aqui. Ninguém me deu bola no msn, nem ninguém parece estar tão feliz quanto eu. Só quem vive isso pode entender. Só um verdadeiro intercambista do Rotary sabe as sensações tão únicas que vivemos quando se confirma o lugar para onde vamos, quando começam-se os preparativos reais da viagem, enfim, só eles - e agoro me incluo!! - podemos sentir tudo o que envolve esse momento.
Nossa, e depois de tanta luta, de tanta ansiedade, de ligações atrás de ligações a tão aguardada notícia veio de uma forma muito especial, com um sabor muito diferente para mim. Poderia dizer que ela foi tão esperada quanto um bebê a nascer, ainda na barriga da mãe, e tão alimentada quanto ele...
Agora é fato, é verdade: o intercâmbio, o MEU intercâmbio FOI CONFIRMADO!!
Sim!! Ele resistiu! Quase morreu, mas vive! Viva!!
Ao que tudo indica, eu irei mesmo! Hacia Méxicoo em Agosto!

Enquanto mais da metade do Brasil assiste ao jogo contra a Argentina, cá estou eu... vibrando sozinho, ao máximo, aguardando tudo de bom que eu tenho certeza que acontecerá comigo! Vibrando por poder verdadeiramente representar este país. Ser "o brasileiro", e não o anapolino ou o goiano, ou o que quer que seja.
É uma oportunidade única demais, eu sei! E eu tenho essa consciência, e fico feliz por tê-la! Agradeço muito a Deus...
Obrigado Deus!

É chegada a hora... Só um mês e poucos dias para tudo novo, para uma mudança muito, mas muito mais radical que a minha para Brasília... Meu Deus! É melhor nem pensar muito na despedida, na chegada lá, nos momentos de saudade...

Não tenho medo... Quis muito isso. Sei que algo ainda pode dar errado e na verdade eu nem deveria estar comemorando ainda, mas...


Sem mas...

O Filia existe para isso mesmo!

E ainda bem que exisite!

\o/

domingo, 8 de junho de 2008

Dentro, uma estrela, a estrela

Hoje, eu escreveria... sobre a dor. O seu gosto quente queimando a garganta.
Entre calor e frio, noite e estrelas... Uma delas eu escolho e separo em borboletas. Sobre o silêncio vazio que ela causa. Silêncio envolvendo todo o abismo, todo o medo. Destroçando a voz, a força. Empacotando todos sentimentos em um só. Caixinha de surpresas. É só abrir e sentir o coração parar no nariz. Eu respiraria, talvez.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Subamos!

Elas brilham para mim. Lá, do seu alto lugar de majestade, brilham.
Ouço, distante, som de música. Deixo-a conduzir-me. Ela conduz.
Algo aperta meus dedos, tira-me do chão.
Fecho os olhos. Ofego. Silêncio.
Subo... O coração ensurdece, a voz emudece.
Subo.
Estou acima do topo, nuvens de algodão me envolvem numa atmosfera doce. Lilás.
Sinto paz. Muita paz.
Todo barulho, problema ou medo deixei para trás, ao pó da terra.
Nada carrego comigo. Sou eu. Somente eu.
Aqui sonho, pois aqui posso sonhar.
Vozes e liras convidam-me a uma dança. Aceito, e o faço com destreza incompreensível.
Estou mais leve...
Sentimento vivo de liberdade toma-me! Seria capaz de voar?
Deixo as mãos soltarem-se do que as segura... E o corpo não cai.
Misturo-me ao ar, ao vento, a elas.
Estou mais leve ainda.
Ao olhar não vejo os pés. Não vejo braços. Não vejo corpo.
Uma luz forte agora cega os olhos que já não tenho. Cega tudo.

Metamorfosiei-me.
Já não sou homem, e berraria se tivesse boca.
Sim, consegui alcançá-las!
Enfim posso tocá-las!

Sou estrela.



domingo, 25 de maio de 2008

Conto

Ele nunca havia ido a um musical.
Não era esse o sonho de sua vida, mas era um dos.
Sonhador, seus pés costumavam sempre sair do chão. Às vezes os olhava, não dando muita atenção. Preferia trocar os sapatos à deixá-los fincados no chão, imóveis. Era assim.
Quando avistou a propaganda no balcão de seu quarto, prontamente decidiu-se. Era chegada a hora, a chance. Veria o até então desconhecido Miss Saigon.
Não era bem um Fantasma, espetáculo freqüente em seus pensamentos. Mas era um espetáculo. E era num teatro grande, de verdade, em São Paulo. Valeria a pena, pensou. Já é uma grande estréia, tinha certeza.
Pequena confusão armou-se acerca do ingresso. Do local, da condução, do dinheiro também. Mas rápido tudo já se acertou e rápido chegou o momento de ir.

Era sexta-feira.
No caminho, ainda admirava-se com os prédios, brotando e espalhando cinza por todos os lados. Da capital do Brasil à capital dos negócios quanta diferença sentia e percebia.
Carros, carros, carros, gente,gente, muita gente. Dia, noite, quente, frio, estavam todos lá, apressados, à beira do tempo, alucinados nesse mesmo ritmo.
Em seu carro, gota no mar, poucas conversas. Estava de carona, e não se atrevia a comentar muito, embora palavras não faltassem em sua boca. Queria compartilhar toda a euforia, mas acabou por sufocando-a num sorriso, aprisionando-a em sua cabeça. Neste momento, desejou estar com alguns amigos.

Chegou.
Era o Teatro Abril.
Uma pequena multidão já se aglomerava ali. Entrou, retirou seu ticket, despediu-se dos outros. Era hora de ir ao lugar estipulado, o Balcão A. Subindo as escadas, ainda pensou que provavelmente ficaria muito longe do palco. As lentes de contato talvez não fizessem o efeito esperado, e o atrapalhariam.
Facilmente encontrou sua poltrona, G-1. Agora, era só esperar.

O som alto do bater de pratos metálicos fez a primeira chamada. A segunda. Começou. As cortinas abriram. O cenário surgiu do nada. Dançarinos, aos montes, começaram a peça. Cantavam, rimavam, mas ele não via direito! Não via! Que fazer?
A história já começava a ser contada. Mas quem estava falando? Quem? Não conseguia distinguí-los! Apertava os olhos, mas não adiantava. Mais ouvia do que via, e seu aborrecimento crescia a cada minuto, acompanhando a música fascinante.

De forma alguma vivia a estréia imaginada.
Mas prontamente decidiu-se. Faria algo, mudaria aquilo.
Olhou para os lados. Apesar do escuro, sabia que o teatro não estava lotado. Sabia dos lugares vazios e haveria de ter um lugarzinho para ele. Mas estava tão escuro, impossível sair procurando-o.
Não, não desperdiçaria o sonhado momento por causa de uma poltrona afastada do palco.

Levantou-se. Saiu. Desceu as escadas. Perdia o espetáculo, mas já não se importava. Tentaria. A recompensa poderia valer aqueles momentos perdidos.
Aflito, aflitíssimo ao som do musical apresentado atrás das paredes, ao longe, chamou a segurança, na entrada do teatro.
Pediu encarecidamente, explicou-lhe a situação, não teve vergonha. Não era hora de ter vergonha. Concentrou-se, respirou, olhou fundo em seus olhos.
Ela sai, vai chamar a gerente.
Estava perdendo, estou perdendo! E se não desse certo? Em sua mente, gritava para que andassem logo. Andem! Andem logo, poxa!

- É esse o menino? – pergunta a gerente pouco tempo depois.
- Sim. – responde a outra.

Um sinal. Seria para seguí-la? Seria possível?

Sim! Claro! Ela dirigia-se à porta, era para ir! Olhou para trás. VAI! VAI LOGO!
Ele foi, sem entender, deixando-se apenas levar.

Tudo escureceu.
Não, o menino não desmaiou. Entrou no teatro.
Uma lanterninha foi acesa. E foram indo. Ele seguindo. Iam, iam, iam... Até onde iria levá-lo? Já tinham passado inúmeros lugares! Estranho.
Foi-se o limite da Platéia B. Adentravam na ala nobre. O menino mal podia acreditar. O coração aumentava o ritmo. Tum-tum, tum-tum, tum-tum. Batida do coração ou batida da peça? Já não sabia.
Era demais agora, já mal agüentava cada passo. E ela ia, imersa pela escuridão, a lanterna mostrando o caminho, quase impassível. Ia.
Até que chegou bem na frente. A luz indicou uma cadeira.
Ele olhou para elas – a cadeira, a mulher. Segurou no antebraço da segunda, e mal vendo seus olhos, agradeceu, entendendo, e esperando transmitir com aquelas singelas palavras todo o seu verdadeiro agradecimento.
Percebendo um sorriso, retribuiu-o. Ela se foi.
Sentou. Era a quinta fileira! A quinta! Estava muito perto agora, perto de tudo. Quase via a orquestra escondida à frente do palco. E via os rostos dos atores. Agora via seus rostos, conseguiu vê-los bem. Agora sim a peça havia começado para ele... Agora sim.

No turbilhão de pensamentos, pensava no preço do lugar aonde estava. Mas não havia preço. Nada pagaria o sentimento daquele momento. Comprado, não teria o mesmo gosto. A conquista foi especial. Especial demais.
Dali, não ousava olhar para os lados. Tinha medo de alguém chegar e tomar seu lugar romanticamente conquistado.
Só olhava para a frente.
E via encantado o espetáculo encantado. Extasiado, surpreendido, maravilhado.
Seus olhos brilhavam. Nada o incomodava mais. Vivia seu momento. Um momento dele, só dele. Agradeceu a Deus, pois sabia ter ali a sua mão.
E assistiu tudo, até o fim, vibrando, torcendo, temendo, sonhando. Como sempre sonhou.

Porque soube, naquele lugar, que sonhos viram realidade. E por isso nunca deixaria de sonhar.




Que o Teu Espírito seja como aquele fogo
Sempre a queimar em mim
Forte, constante, incessante

Que o Teu Espírito me consuma
Como faz aquele fogo com a madeira
Forte, constante, incessante

Que essa chama nunca, nunca se apague
E eu viva à sua imagem e semelhança,
Sendo, pois, aquele fogo

A brilhar e queimar pela janela
Forte, constante, incessante.

*

domingo, 18 de maio de 2008

Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.


O fim de semana que tive merece muito este registro, muito mesmo. Dentre os vários dias que já vivenciei em meus 17 anos, esses fazem parte dos que desejo me lembrar bem no futuro, e como sei que apesar do marco que tiveram em mim, a memória às vezes nos escapa do controle, contarei o que me aconteceu.

A primeira coisa que posso dizer é que foram 3 dias fantásticos. Cada um guardava uma surpresa diferente, e o saldo geral foi muito além das minhas expectativas. Foi fantástico mesmo, diria maravilhoso e tenho certeza de que mudou minha vida. Mudou, e você pode estar me achando exagerado, mas não. Se estivesse lá, muito provavelmente estaria assim, nesse estado de euforia, de mudança, de estusiasmo em que me encontro agora.
Acabo de chegar do Congresso Gente Nova Brasil '08 (www.gentenova.com), cujo tema foi Desafio, você decide o tamanho do seu.
A musiquinha não sai mais da cabeça: desafio... decisão, desafio... decisão, desafio! Qual é o seu desafio? A hora é agora, faça o seu tempo valer! Tum, tum, faça o seu tempo valer!
Nossa, foram três dias de MUITO aprendizado, de muita reflexão, com palestras de pessoas magníficas, que olhando pela aparência você não daria nada. Um melhor do que o outro e ao mesmo tempo todos tão bons quanto. Experimentei tantos sentimentos que nunca pensei sentir com apenas uma palestra. Volto com uma motivação incrível. E o desejo de mais, de viver mais, de aproveitar mais, junto com uma certeza de que HÁ mais.
E ele está perto, está muito perto! Não é preciso ir muito longe.

No 1º dia pude ver entre outras pessoas o velejador Lars Grael. E que exemplo eu tive, que história de vida, que depoimento! Mal sabia eu que o Congresso só começava e pela frente viriam outros com histórias de vida tão "cabulosas" (não consegui pensar numa palavra melhor) quanto a dele. Vi a paixão por um ideal ficar de pé perante as mais adversas situações, e quantas lições tirei daquele depoimento.
Com Roberto Wong, no 2º dia, creio que cheguei à conclusão de que talvez esteja no lugar certo. Sei que falta muito ainda, e há tantas coisas a definir, descobrir e mudar (principalmente sobre e em mim mesmo, uma vez que o auto-conhecimento e a auto-confiança é de extrema importância) que mal vejo a hora de começar... A grande recompensa: a liberdade!
Quantas palavras sábias escutei dele. Uma das que anotei diz que "a escola ensina, a vida educa."
Só pra sentir o gostinho...

Questionei-me (e espero chegar à resposta muito em breve) qual é a minha vocação. E mais importante ainda, qual é a minha missão? Ele deu a resposta de como cumprí-la: Sendo a pessoa certa, na hora certa, pela razão certa. Mas peguei-me pensando em qual era a minha missão mesmo. Qual é o motivo de eu estar aqui na Terra. Claro que tenho umas "sugestões", mas é um assunto que ainda quero pensar muito, e se conseguir, colocar no papel e postar aqui, para que me lembre sempre...

Lembrar do que disse a tão simples e admirável Ângela Hirata é um privilégio. Pude ver, com resultados e respostas concretas, o que é empreender em sua essência, o que é crescer e ter a real capacidade de "imaginar, desenvolver e realizar". Ouvi a história das Havaianas contada pela mulher que as levou mundo afora. E que orgulho senti do Brasil, do nosso povo, desse produto que é tão corriqueiro que mal sabemos sua grandiosidade no mercado externo. Uma sandália calçando desde os pés de presidentes, rainhas e celebridas hollywoodianas, até os pés do povão, totalmente made in Brazil. A consolidação de uma marca no mercado antes vendida em mercearias, vista como "de pobre", e hoje vendida na Vitrine Lafayette, sendo presenteada à concorrentes ao Oscar.

"A grandeza está na simplicidade".

Hoje, domingo, 3º dia, foi para mim o melhor dia.
Que surpresas! Que histórias de vida pude conhecer!!
A manhã começou com William Douglas, um homem que a grande maioria pensava ser um nerd chato, que por ter passado em 1º em várias coisas e ser o "guru dos concursos", só iria ensinar a passar em concurso. Engano... ele se mostrou uma pessoa de muito valor e sabedoria. Contou-nos sua história, sua persistência, deu-nos inúmeras dicas valiosas e ao fim fez uma pergunta:

O que faríamos se tivéssemos apenas 12h de vida?
O que você faria?
(pare e pense)

Em minhas anotações, dividi mais ou menos o tempo escolhendo ficar perto das "pessoas" (uma vez que Deus não é uma pessoa) mais amadas por mim.
2h amigos, 8h família, 2h com Deus e comigo mesmo...
Mas o intuito da pergunta é fazer-nos refletir sobre isto: se em nossas listas apareceram coisas não praticadas por nós hoje, em nosso dia-a-dia, algo está definitivamente errado. E é preciso mudar já! Fazê-las hoje, pois ninguém sabe o dia de amahã. E se lhe restasse ainda menos tempo??
O que estamos fazendo com nosso tempo?
Para William, o sentido da vida é aprender, servir e sentir prazer. Em que medidas estamos fazendo isso? Estou fazendo isso...?

Pela tarde, ufa, quanta emoção! Steven Dubner YES (stevendubner.com.br) com sua palestra considerada uma das 10 melhores do Brasil (eu eu confirmo, YES!). Especialista em esporte para pessoas portadoras de deficiência, coordenador geral da ADD (Associação Desportiva para Deficientes). Dele eu poderia ficar falando aqui por muito tempo... Que figura, que ser humano, que profundida de palavra, de sabedoria, de verdade! Quantos conceitos mudei através de Dubner hoje. Emocionei-me ao ver histórias de pessoas que aparentemente não têm nada, mas que têm tudo. Pessoas que estão MUITO longe de ser coitadinhas, exemplos, modelos para mim, para todos! Os papéis se inverteram, como disse ele. Nós, andantes, é que temos que aprender a andar com os cadeirantes ou paraplégicos. Nós temos tanto, reclamamos tanto e tudo não chega num milésimo da coragem, garra, da fé e força que vi nas pessoas daqueles vídeos.
"Se entendêssemos 10% da capacidade humana seríamos muito mais felizes. Nós criamos e alimentamos nossos próprios inimigos - nós mesmos. Não importa a situação, curta a vida, brinque, viva!".

Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.

Obrigado, Dubner, por despertar em mim os sentimentos e a vontade de mudar, de sair dessa zona de conforto, definitivamente. Obrigado!

Finalizando o dia, como se já não bastasse o caldo de aprendizado já adquirido, Francisco Victor Boussoi. Outro que ninguém dava muito, mas que deu um show de vivência e um depoimento de vida riquíssimo, um verdadeiro exemplo de vitória para todos. Nossa, por quantas experiências difíceis ele passou... Quantos desafios enfrentou, e quantas vitórias já conseguiu...! E ele falou sobre todos, e a cada desafio, uma lição única. O câncer, as viagens, o voluntariado, as descobertas, o amor.
Quando teve a oportunidade de conhecer Madre Teresa de Caucutá (!!), fez uma pergunta a ela:
- O que eu poderia fazer, além de tudo que já fiz, para melhorar o mundo?
Ela lhe respondeu:
- Amar. Ame não pela beleza, pois um dia a beleza acaba. Não por admiração, pois um dia você pode se decepcionar. Ame sem nenhum motivo, pois assim não haverá o que faça você parar de amar. Ame, simplesmente.

Fiquei e ainda fico sem palavras.

E teve mais, muito mais. A sua história já é, em si, uma motivação para lutar, para ajudar e servir.

Em breve serei voluntário Gente Nova.
Hoje já estou mudado. E como estou feliz com a perspectiva desse novo eu.

Amanhã, começo a colocar em prática tudo o que aprendi.

Desafio... Decisão!

Piada interna


Porque eu sei que as saudades que eu sinto de você nunca se tornararão meras doces lembranças....

sábado, 10 de maio de 2008

When three becomes two

Acordo desesperada com aquela sensação de. Meu celular sumiu. "Gymnop dies" toca em algum lugar. São duas, três horas da manhã. O mundo inteiro dorme. Vem um silêncio tão tirano que chega a derreter partes de mim. Corro ao espelho e percebo que meus pensamentos escorrem pastosos das minhas orelhas. Desesperada tento guardá-los em algum lugar. Copo, caixinha, forma de gelo. Mas o tempo é mais rápido. E os pensamentos se vão, assim... daquele jeito abstrato e perturbador.

A cor? Todos eles eram de um púrpura profundo e fosco. Vinham quentes em meus dedos que tanto inutilmente tentavam estancar a "pensamentorragia". Satie invade mais ainda. E ainda há silêncio. Morbidez! Os pensamentos se vão, assim... daquele jeito rápido, indignante, manchando o azulejo frio do banheiro.

Jorra, corre, vai embora semi-cérebro patético. Todo no chão, roxo, morto. Miolos perdidos na ausência. O fatídico? Foi o além. Quando além da perda do dentro da cabeça, percebo que também se foi o que havia dentro do meu coração. Foi... foi... tudo. Espatifado. Todas as belas pequenas construções e peças afetivas quebradas. Num só golpe estrangulando o cuidado e o que era único...

Olhos úmidos. Mortos. Meus! Vão deixando o rosto caquético. Rosto imbecil que pede murro... como o de Macá. Olhos úmidos e tresloucados que pedem adeus, que gritam roucos. Loucos na escuridão da madrugada que não é minha. Loucos e seqüestradores da música que não é minha e ainda assim... finjo que me pertence...

Mas é claro que sempre há os poemas lindos. Apesar de tudo sempre vão haver os poemas que sempre serão especiais... Especiais ainda mais quando são feitos por nossos amigos. That's one from Al Phurraz, Wally's son... you know:

Águas de maio

Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
E eu gostava desse pedra

E a água veio e lavou a pedra
E lavou o caminho
E cavou o caminho

E foi parar no fundo da Terra
E esfriou a lava que virou pedra
E lavou a pedra

Renascimento! E algo para preencher agora o que está vasto de tão vazio...