sábado, 15 de novembro de 2008

Ainda na rua Namakajiri

A noite está úmida, molhada com seus pensamentos. Em algum lugar do fim do mundo, guardei o infinito dentro de uma concha do mar. O jazz sobe nos copos e livros sobre a mesa. Escorre em notas roxas e azuis no chão e vai borrando tudo que em mim era cinza e insossso.

Agora, não importa, não importa se já é tarde, se os pássaros choram lá em cima, se o próprio dia tem ojeriza de nascer de novo e de novo. Agora, até o mais pálido ódio daquela impotência e vontade absurda de retribuir o indiscutível se pintou. Imperecível é aquela tarde que morreu em garfadas sulfúricas de sorriso.

Os minutos esvaziarão aquelas caixas de saudade e amanhã, o dia será macio como nunca foi. E virão todos os argumentos, todas impossibilidades, todo o ferro fundido e não liquefeito. Virão as regras, os espartilhos, a dificuldade. A minha falta, a sua falta. Talvez, o meu exagero também acompanhe os pratos esvaziados de tristeza. Talvez, o talvez deixe de me alucinar... As velas dos meus barcos serão erguidas novamente, e só assim... só assim, podrei fazer aquilo que sempre quis: me perder no mais cheio de liberdade futuro azul.

5 comentários:

Francisco Filho disse...

E será tao suave que as regras serao quebradas, os espartilhos afrouxados e a dificuldade vencida.

Estou contigo.

Lupe Leal disse...

"tudo que é sólido se desmancha no ar."

o dia tem ojeriza de nascer e nascer de novo. vc me encanta.

Thais Correia disse...

adorei a moldura

Estrela disse...

Quanto silêncio! Por quê?

Lupe Leal disse...

vamos às atualizações.