quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Como não atingir o nirvana

A mulher do apartamento da frente está sempre à janela. A música que emana de lá revela o seu bom gosto, seu refinamento. Ela as escuta olhando pra cá, olhando pra rua. A imagem é quase de um clichê bonito. Falta-lhe o cigarro, preso aos dedos e aquele olhar arrogante que tanto denota solidão.

Desejo não ser como ela. Não quero ficar à janela, mesmo que seja poético. Não quero boas músicas. Refinamento? Para quê? Eu seria uma pessoa mais fácil, caso minhas melodias favoritas fossem as da moda. Eu seria bem mais tranquila, se minha alegria viesse com o próximo capítulo da novela das nove, oito, sete... Eu me daria trégua, caso eu começasse frases com "Are baba!" (ou o que for a ortografia dessa expressão que tanto me debilita).

Eu e minha televisão? Felicidade suprema. Eu e meu orkut? Um nirvana... Um nirvana que não faria meu self ser atingido, mas... a minha plena convicção de consciência de mim mesma seria estupenda. E assim, a vida fluiria em doce patetice, em sorriso e conversas recheadas de eternas frases feitas.

Um comentário:

let_revolver disse...

Rod...
que saudades...
queria fazer um comentário mais fácil, daqueles sempre lidos, que terminam com "bjus" e "saudades";
mas hoje eu leio os seus textos e me pergunto como vai vc,
espero que sempre doce
espero que feliz.
Me perdoe a pieguice,
talvez procuramos sempre a grandesa do não sei o quê pra perceber depois que as alegrias estão mesmo nas pequenas coisas da vida.
Desejo que vc encontre as coisas mínimas, os detalhes mais escondidos, a sua "doce patetice", sobremesa adorável para seu dia-a-dia.
Bjus
Saudades :)